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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Psiquiatria: Retardos Mentais

Para a raposa, na fábula de Esopo, as uvas estavam verdes. Mas para qualquer estudante de psiquiatria de hoje, a raposa estava apenas racionalizando. As lições de Esopo, bem como as de outros fabulistas, ensinaram muito sobre a natureza humana. Mas antes de Freud os mecanismos de defesa contra afetos, instintos e situações reais ainda não haviam sido adequadamente classificados. Os estudos metódicos dos mecanismos de defesa permitiram aos psiquiatras em geral identificar muitos dos fatores ocultos no comportamento dos neuróticos, dos psicóticos e também das pessoas normais. E, por isso, aceita-se hoje, generalizadamente, três grupos de mecanismos de defesa psicológica: os de defesa contra instintos, contra afetos e contra as situações reais do meio exterior.

DEFESA CONTRA INSTINTOS - Basicamente, os mecanismos de defesa constituem os processos através dos quais o ego procura modificar ou suprimir um impulso instintivo originado do inconsciente.
O único mecanismo realmente eficaz, na opinião atual da psiquiatria, é o de sublimação. Nesse processo, o impulso instintivo é modificado pelo ego em impulso socialmente aceitável. O que é aparentemente impuro, torna-se sublime.
O impulso sexual dos sacerdotes pode se manifestar, por exemplo, na auto-flagelação que antigamente se impunham.
A sublimação é tida como um mecanismo eficaz porque absorve a energia do impulso instintivo que, por essa razão, perde a capacidade de produzir outros distúrbios neuróticos.
Todos os demais mecanismos de defesa contra o instinto, por não possuírem essa propriedade da sublimação, são considerados ineficazes e, por isso mesmo, patógenos ou conducentes a processos patológicos, quer neuróticos, quer psicóticos.
1 - A negação. Esse mecanismo aparece nítido nos sonhos. O indivíduo sabe que tal símbolo está associado a uma situação ou que determinada personagem do sonho corresponde a uma pessoa real de suas relações. Mas nega o conhecimento e não permite que a verdade passe do inconsciente para o consciente. Esse mecanismo apresenta outros derivados dele, como se verá em seguida.
2 - A projeção. Um homem que se interessa por certa mulher casada atribui a ela um interesse similar por ele. Dessa forma, nega ou justifica seu próprio interesse. De modo semelhante, o marido que deseja ter relações extraconjugais pode começar a nutrir suspeitas desse tipo em relação a sua própria esposa, acusa-la disso abertamente e, assim, aliviar a ansiedade e justificar o próprio impulso instintivo.
3 - Introjeção-identificação. É mecanismo que precede a etapa edipiana do desenvolvimento. O filho toma o pai como modelo e se “identifica” com ele. Geralmente, a identificação se acompanha de um deslocamento. A atuação viril de uma pessoa leva outro indivíduo a imitar seu andar, simbolizando neste pormenor, toda a intenção de ser igual (idêntico).
A introjeção, em certo aspecto, contrapõe-se à projeção. É o mecanismo de assimilar coisas (situações) externas. É a maneira como sentimos por exemplo, as pessoas que nos rodeiam.
4 - A repressão. Um dos mecanismos derivados da negação e que, como ela, não suprime o teor dinâmico dos impulsos instintivos que acorrenta nos porões do inconsciente. O mecanismo de repressão explica uma das mais conhecidas características das neuroses, que é a reação exagerada.
O homem que teve contrariedades no serviço e, em casa, espanca o filho, por causa de uma travessura banal, fornece bom exemplo. Seus impulsos hostis em relação aos superiores foram reprimidos pelo temor de perder o emprego (insegurança). A descarga de energia, portanto, não foi determinada pela travessura do filho, mas apenas desencadeada por ela. A reação é evidentemente desproporcional, quando julgada efeito da travessura do garoto. Mas é perfeitamente proporcional aos impulsos hostis reprimidos, que o patrão causou.
5 - Formações reativas caracterológicas e cerimonial. É o mecanismo que protege algum aspecto da personalidade contra investigação, própria ou de outrem. Geralmente se manifesta por uma atitude de sentido oposto. O rebelde pode dissimular sua insubmissão com a obediência. O homem que duvida da própria masculinidade de sua vida sexual ou de seu caráter deixará crescer a barba, ou portentoso bigode, para reafirmar virilidade a si próprio ou às outras pessoas.
Também o cerimonial é uma formação reativa que, como as demais, deriva do mecanismo de negação. O homem que torna o hábito do cachimbo um complicado ritual procura impedir o afloramento de impulsos sexuais de caráter oral. O que muda de roupa cerimonialmente antes de deitar-se busca impedir a conscientização de impulsos eróticos. Nos dois casos, o mecanismo consiste em desfigurar a natureza do ato simples para disfarçar a associação inconsciente desse mesmo ato com os impulsos instintivos que o determinam.
6 - Anulação. Aparentemente, um derivado do mecanismo de negação, mas com uma diferença essencial: na negação, os impulsos são repelidos antes de aflorarem à consciência. Na anulação, ao contrário, os impulsos instintivos são negados depois de conscientizados. A mesma diferença vale também, para distinguir a anulação das formações reativas.
Num exemplo típico de anulação, o indivíduo pode passar a proteger uma pessoa depois de, conscientemente, haver sentido impulsos hostis contra ela. Noutro exemplo comum, o indivíduo tenta anular o interesse sexual por uma pessoa, depois de havê-lo notado conscientemente, através de atos de hostilidade e reprovação. Essa última situação poderia ocorrer em ambiente de trabalho, onde um homem casado passa a maltratar a secretária para convencer-se de que não possui interesse especial por ela.
7 - Isolamento. Outra forma de negação. Aqui, o indivíduo tem consciência do impulso e também sabe qual o estímulo que determinou tal impulso. Mas nega a conexão de causa e efeito entre os dois fenômenos. “Imagine. Não foi por causa do dinheiro. É pelo desaforo.” Uma desculpa comum, e comumente falsa. Foi por causa do dinheiro, mesmo.
8 - Regressão. O temor de desaprovação do parceiro em relações sexuais pode levar o indivíduo a evitar o contato normal dos órgãos genitais e regredir a uma fase anterior de desenvolvimento pré-genital. Ou seja, de prazer oral ou anal, o que explicaria muitos casos de homossexualismo.

MECANISMOS CONTRA AFETOS - A rigor, todos os mecanismos descritos constituem defesas contra afetos; os impulsos não são repelidos por usa condição de instintivos, mas por sua propriedade de produzir reações afetivas desagradáveis, como a de se sentir rejeitado.
Para evitar afetos que resultam da elaboração mais complicada de impulsos instintivos, o indivíduo reprime, bloqueia, adia, desloca, substitui, isola, projeta, introjeta, ou racionaliza os afetos da mesma maneira como procede em relação aos impulsos instintivos, mais simples.
Finalmente, o conjunto de mecanismos de defesa abrange também alguns recursos defensivos contra situações reais, do mundo exterior. Desse modo, a negação de fantasia pode constituir um refúgio imaginário contra uma realidade hostil ou angustiante. A fantasia é um anestésico da vida psíquica.
No mecanismo de negação de atos e palavras, o indivíduo procede ativamente no sentido de modificar a situação real.
E, finalmente, no mecanismo de limitação do ego, ocorre o inverso: o indivíduo tende a fugir da situação real. Nega-se a participar de uma discussão que possa evidenciar suas limitações intelectuais ou finge desinteressar-se do sexo, quando na verdade teme sua incapacidade de despertar interesse.

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Quem sou eu

Nascido no Japão como filho de massagista shiatsu em 1947, imigrado ao Brasil em 1959, residente em Marília/SP/Brazil desde 1997.

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