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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Psiquiatria: Envelhecimento

O “ataque” epiléptico sempre foi extremamente temido, pelo fato de o paciente, ao despertar, não se recordar de coisa alguma do que se passou durante a crise.
Conhecida desde os tempos mais remotos, a epilepsia se caracteriza por um conjunto de manifestações convulsivas, com contrações musculares generalizadas ou parciais. O “espetáculo” oferecido pela crise epiléptica, que geralmente se inicia por um grito rouco e brusco, seguido por queda e perda de sentidos, é o grande responsável pelo caráter sobrenatural que sempre foi atribuído à doença.
O aspecto dramático dos sintomas fez com que o epiléptico fosse considerado como “tomado pelo demônio”, “possesso”, “endemoninhado”. Durante a Idade Média, a doença era conhecida como morbus demoniacus, justamente com base na crença de que o demônio havia penetrado o corpo do indivíduo. Essas crenças a respeito da epilepsia prejudicaram por muito tempo seu estudo científico. A doença era, e em grande parte ainda é, erroneamente considerada contagiosa. Ainda é relativamente comum ver as pessoas fugirem do epiléptico durante a crise, por suporem que a baba do doente pode transmitir a moléstia.
Hipócrates (460-370 a.C.) foi o primeiro que tentou desmistificar a epilepsia. Procurou mudar a atitude popular em relação à doença, tentando demonstrar que suas causas eram absolutamente naturais e não sobrenaturais. Nesse sentido, deu o primeiro passo para que a epilepsia fosse considerada uma doença “igual” às outras.
Entretanto, somente mais de vinte séculos mais tarde o trabalho de Hipócrates foi retomado. Os primeiros estudos científicos sobre a doença foram feitos em meados do século XIX. Apesar disso, ainda hoje persistem preconceitos - embora infundados - em relação à epilepsia, que prejudica muito a atitude médica. Portanto, é importante reabilitar a noção de epilepsia como uma doença que, como as demais, participa do cenário médico.

BATEDEIRA - No Nordeste do Brasil a epilepsia é conhecida pelo nome de batedeira. Essa denominação popular, bastante sugestiva e pitoresca, dá um bom indício do comportamento do doente durante a crise: a pessoa treme toda, executa movimentos desordenados, se agita e se debate, é difícil domina-la.
Em geral, as crises epilépticas aparecem brusca e imprevisivelmente, mas terminam de maneira espontânea, embora apresentem tendência à repetição. Sob o ponto de vista neurológico, as crises são desencadeadas por uma descarga elétrica excessiva e simultânea de um grupo de células nervosas do cérebro. É preciso especificar que, sob determinados estímulos, essas descargas elétricas podem ocorrer em qualquer pessoa. Assim, o eletrochoque, por exemplo, utilizado em certos tratamentos psiquiátricos, provoca uma crise convulsiva, pela passagem da corrente elétrica pelo encéfalo. Da mesma forma, também determina convulsões o tratamento com cardiazol, que provoca a estimulação química das células nervosas do encéfalo. Disto se conclui que a possibilidade de ter convulsões é uma das possíveis reações do cérebro, em qualquer pessoa.
Na infância, o sistema nervoso ainda não está completamente amadurecido, e é possível que crises convulsivas sejam desencadeadas por febre muito alta. Mais tarde, com o amadurecimento do sistema nervoso, essas manifestações febris deixam de ter significado especial, desaparecendo então a resposta convulsiva.
Na epilepsia, as crises de desencadeiam sem causa aparente. No entanto, não se pode falar em epilepsia como uma entidade única, mas sim como um conjunto de manifestações variadas que, por sua vez, também tem causas variadas. Para o tratamento eficaz, é importante estudar todas as manifestações, procurando identificar a verdadeira causa.

NÃO É HEREDITÁRIA - Os mais recentes estudos sobre epilepsia dão cada vez menos importância ao fator hereditário. Dessa forma, pais epilépticos não têm obrigatoriamente filhos epilépticos. Isso é importantíssimo, pois contribui para acabar com os preconceitos que sempre acompanham e envolvem o epiléptico, que agora já pode ser encarado como um doente comum.
Em algumas situações clínicas, a causa da epilepsia é representada por uma lesão localizada num determinado trecho do cérebro, mais ou menos circunscrita. A lesão, por sua vez, pode ter várias origens.
Uma das causas mais freqüentes é constituída por traumatismos cerebrais ocorridos durante o parto. Merecem destaque especial os traumatismo que atingem o lobo temporal, por ter esta estrutura cerebral uma posição mais vulnerável à compressão durante o trabalho do parto. Portanto, é nessa região que se localizam com maior freqüência as lesões que determinam a epilepsia, de origem traumática.
Nesse sentido, é muito importante adotar medidas preventivas que se traduzem no perfeito atendimento ao parto, assistência à gestante e ao recém-nascido.
Outro grupo de causas muito importante é representado pelas doenças comuns na infância, como sarampo, escarlatina, varicela (a conhecida catapora). Na maioria dos casos, essas doenças não têm maiores conseqüências. Mas pode eventualmente acontecer que a infecção atinja estruturas cerebrais e ocasione lesões. Essas alterações cerebrais prejudicam a atividade normal dos neurônios, exteriorizando-se sob a forma de convulsões.
No Brasil é significativo o número de casos de epilepsia causados por cisticercose. Trata-se de uma infestação por cisticercos, “solitárias” que se apresentam sob a forma de larva. Esses parasitos podem atingir o cérebro e a doença assume a forma de neurocisticercose, cuja manifestação mais comum é representada pelas convulsões.

OS ACIDENTES - Nos dias de hoje são sempre mais freqüentes as quedas, batidas na cabeça, acidentes automobilísticos, acidentes profissionais e outros. Com isso, assumem cada vez maior importância como causadores de traumatismos cranianos, Todos estes acidentes, sobretudo quando acompanhados de perda dos sentidos, podem causar danos cerebrais. Por esse motivo, batidas ou pancadas na cabeça devem ser investigadas e acompanhadas de perto mesmo que não tenham provocado nenhum dano aparente.
Malformações cerebrais em geral, encefalites, arteriosclerose, tumores cerebrais e hipertensão, também podem ser causa de manifestações epilépticas. De fato, qualquer uma dessas alterações pode provocar irregularidades funcionais com sintomas convulsivos. Na arteriosclerose, por exemplo, o endurecimento e engrossamento dos vasos sanguíneos diminuem a irrigação normal do cérebro. Como conseqüência podem ocorrer fenômenos convulsivos, estabelecendo-se uma atividade epiléptica.
Tumores benignos, após muitos anos de crescimento lento, às vezes demoram a se manifestar e ocasionam crises com características epilépticas típicas.
Os modernos medicamentos de que se dispões hoje em dia, permitem o controle das crises epilépticas, na maioria dos casos. Entretanto, com muita freqüência o epiléptico continua sendo rejeitado, não se levando em consideração esse fato. É por esse motivo que os esforços médicos procuram propiciar ao epiléptico as oportunidades a que tem direito, visando inclusive a diminuir as barreiras sociais e psicológicas encontradas pelo doente.
Podemos dizer mesmo que o sentido maior do atendimento médico ao epiléptico está voltado para a sua reabilitação como pessoa apta a desenvolver, ao lado das outras, todas as atividades possíveis e imagináveis.

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Quem sou eu

Nascido no Japão como filho de massagista shiatsu em 1947, imigrado ao Brasil em 1959, residente em Marília/SP/Brazil desde 1997.

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