Assuntos relacionados à saúde em geral, medicina ocidental, oriental, alternativa, trechos de livros e revistas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Dicionário Médico: Letra T

TAB (Transtorno Afetivo Bipolar). Uma pessoa que alterna o humor de euforia excessiva descontrolada para depressiva obsessiva psicopática e vice-versa de forma habitual. (ver personalidade maníaco-depressiva).

TABACOSE. Forma de pneumoconiose provocada por inalação de pó do tabaco.

TABAGISMO ou NICOTINISMO. Intoxicação crônica provocada pelo tabaco que se verifica nos fumantes inveterados; é devido à ação da nicotina. O tabagismo provoca distúrbios de intensidades diversas no aparelho respiratório (catarro, inflamação da faringe, respiração irregular), no aparelho cardiovascular (arritmias) no aparelho digestivo (estomatite, gastrite, atonia intestinal), no sistema nervoso (insônia, amnésia, cefaléia).

TABES DORSALIS. Moléstia crônica e progressiva caracterizada por lesões inflamatórias e degenerativas das meninges e da medula espinal; às vezes são também comprometidos os nervos cranianos, particularmente o nervo óptico. Trata-se de uma forma de sífilis nervosa que surge em cerca de 5% dos sifilíticos após 10 a 20 anos de infecção. A sintomatologia é muito variada e revela-se com: distúrbios da sensibilidade: áreas de anestesia cutânea e diminuição da sensibilidade táctil, dores fulgurantes e espasmódicas, sobretudo nos membros inferiores, tronco, estômago e laringe; distúrbios oculares: o sintoma característico da tabes dorsalis é a perda do reflexo luminoso da pupila (sintoma de Argyll Robertson); os outros distúrbios visuais são: anisocoria, miose, diplopia; ataxia espinal que afeta o tronco e os membros inferiores. Em alguns casos, a deambulação é impossível; geralmente, o doente perde a coordenação dos movimentos; alterações dos reflexos e do tono muscular; ocorre abolição dos reflexos tendíneos nos membros e hipotonia muscular; distúrbios urogenitais: caracterizados por doenças vesicais e impotência sexual; distúrbios tróficos: artrites e fraturas espontâneas. A evolução da tabes dorsalis é muito lenta (cerca de 15 a 20 anos). Não existem possibilidades de cura, porém podem ocorrer fases temporárias de regressão. Tabes familiar ou Tabes espasmódica de Charcot (ou Ataxia hereditária familiar). Também denominada Moléstia de Friedrich, a tabes familiar é de natureza hereditária e caracterizada por incoordenação dos movimentos. Tabes mesaraica: afecção de natureza tuberculosa dos linfonodos abdominais que afeta habitualmente os lactentes.

TACTO. Sentido que permite a percepção, através de contato cutâneo, de alguns caracteres físicos dos objetos (como dureza, maciez, rogosidade, etc.). A sensibilidade táctil é devida a órgãos especiais, denominados corpúsculos de Meissner, distribuídos por todo o organismo e, em particular, na mucosa lingual, na pele dos lábios, na polpa dos dedos.

TALALGIA. Dor na região do calcanhar.

TÁLAMOS. Dois núcleos volumosos de substância cinzenta, presentes no diencéfalo, situados de cada lado do terceiro ventrículo e unidos entre si por tomissuras.

TÁLIO (Intoxicação por). Metal que entra na composição de alguns venenos para roedores (raticidas) e que pode provocar intoxicações acidentais no homem, sobretudo em crianças. O quadro da intoxicação aguda caracteriza-se por gastrenterite hemorrágica, encefalopatia, distúrbios da sensibilidade, convulsões, delírio, coma. Na intoxicação subaguda ocorrem fenômenos digestivos, principalmente prisão de ventre, polineurites, deficiências motoras, chegando até a paraplegia, distúrbios psíquicos, taquicardia, hipotensão, queda de pêlos, descamação cutânea, estrabismo e ptose palpebral.

TAPINOCEFALIA. Achatamento da parte superior do crânio.

TAQUICARDIA. Aumento da freqüência dos batimentos cardíacos. Pode ser fisiológica ou patológica; no primeiro caso, ocorre após esforços físicos, estados psíquicos particulares (emoções), durante a digestão. A taquicardia patológica está ligada a fatores tóxicos (cafeína, nicotina, etc), a estados febris, a cólicas ou a síndromes psíquicas.

TAQUIFAGIA. Hábito de comer rapidamente.

TAQUIFILAXIA. Fenômeno pelo qual a aplicação consecutiva de um medicamento resulta na sua inabilidade em provocar determinado efeito.

TAQUIPNÉIA. Aumento do ritmo respiratório que ocorre nos estados febris e nas afecções pulmonares.

TARSO. Com essa denominação são indicadas duas formações anatômicas diversas: o t. do pé e o t. das pálpebras. O t. do pé é formado por sete pequenos ossos, situados na região plantar posterior; o t. das pálpebras é uma lâmina fibrocartilaginosa subcutânea que mantém as pálpebras distendidas.

TÁRTARO DENTÁRIO. Concreção de sais de cálcio precipitados da saliva que se deposita ao redor do colo dentário ou sob a gengiva (t. subgengival). Sua ação mecânica pode provocar gengivite; por esse motivo deve ser periodicamente eliminado por dentista.

TECIDO. Conjunto de células tendo a mesma estrutura e função.

TELANGIECTASIA. Termo que indica dilatação dos capilares.

TEMPERATURA CORPÓREA. Em condições fisiológicas, a temperatura do corpo humano situa-se ao redor de 37ºC. Podem ocorrer pequenas variações, conforme o ponto onde for determinada. A temperatura retal é ligeiramente superior (5-6 décimos de grau) à axilar; são intermediárias a t. inguinal e a sublingual. a t.c. varia segundo:

- a idade do indivíduo: geralmente a t.c. das crianças é ligeiramente superior à dos adultos;

- o sexo: as mulheres têm temperatura superior à dos homens;

- as diversas horas do dia: a t.c. tem valores menores pela manhã e mais elevados à tarde.

- a constituição individual: alguns indivíduos têm, em condições normais, temperatura superior a 37ºC.

Quando a temperatura desce abaixo de 36,5ºC ocorre hipotermina; diz-se que há febre ou hipertermia, quando os valores ultrapassam 37ºC

TÊMPORA. Região lateral da cabeça compreendida entre o olho e o pavilhão auricular; corresponde à parte escamosa do osso temporal.

TEMPORAL (Osso). Osso par do crânio, situado na região superior e lateral. Apresenta na base duas proeminências: a apófise zigomática e a apófise mastóide.

TENAR (Eminência). Relevo muscular da palma da mão, correspondendo à raiz do polegar.

TENDÃO. Segmento mais ou menos longo de tecido conectivo, mediante o qual o músculo se insere no osso.

TENESMO ANAL ou RETAL. Sensação de dor e de peso ao nível do último segmento do intestino reto e do ânus, provocado por processos mórbidos ulcerativos e inflamatórios locais.

TENESMO VESICAL. Sensação dolorosa durante a micção; está relacionada com lesões inflamatórias agudas das paredes vesicais.

TENÍASE. Parasitose intestinal provocada pela infestação por tênias (vermes pertencentes à ordem dos Cestóides), cujo corpo é achatado e articulado em anéis (os proglótides). O grupo dos Cestóides que provocam a teníase compreende a Tenia saginata, a Tenia solium e o Bothriocephalus latus. A saginata é a mais comum e, antes de chegar ao estado adulto no intestino do homem, tem uma fase embrionária nas vísceras e nos músculos do gado bovino. A teníase solium é mais rara que a saginata, sendo o porco o seu vetor. O botriocéfalo vive na carne e nas vísceras de certos peixes. A contaminação do homem ocorre através da ingestão de carne crua de animais afetados, ou através da ingestão de verduras contaminadas.

A sintomatologia é, geralmente, muito apagada e quase nada de anormal é observado. Às vezes ocorrem distúrbios digestivos, como fome intensíssima, dores epigástricas, diarréia, meteorismo e desordens nervosas, como nevralgias, espasmos do glote, meningismo, insônia, neurastenia, vertigens, convulsões. Tais distúrbios são mais freqüentes nas mulheres e nas crianças. Em certos doentes, podem aparecer distúrbios oculares (midríase, nistagmo e diminuição do poder visual) e do aparelho circulatório (palpitação, desordens vasomotoras, também palidez ou vermelhidão faciais). Na infestação por botriocéfalo, além de todos os sintomas acima, ocorre anemia grave, semelhante à anemia perniciosa.

TENOSSINOVITE (ou Tenovaginite). Processo inflamatório agudo ou crônico do tendão e da membrana sinovial que o envolve. Entre as formas clínicas da t. aguda, estão a t. serosa, a t. purulenta e a t. crepitante. A última é caracterizada pela percepção de uma crepitação típica na zona atingida. A t. crônica pode ser específica (provocada pelo bacilo de Koch ou pelo Treponema pallidum) ou inespecífica (devida a outros micróbios).

TENOTOMIA. Intervenção cirúrgica destinada a seccionar um tendão. A operação pode ser necessária quando o tendão está retraído (retração cicatricial) ou alongado (em certos casos de paralisia infantil).

TENSORES (Músculos). Músculos ou feixes musculares que têm a capacidade de manter regiões corpóreas correspondentes.

TERATÓIDES ou EMBRIÓIDES. Tumores, geralmente malignos, constituídos por diferentes tecidos.

TERATOMAS. Tumores de natureza complexa constituídos por vários tecidos e, às vezes, de fragmentos de diversos órgãos.

TERÇOL (ou Hordéolo). Pequeno abscesso que surge no bordo das pálpebras por inflamação piogênica das glândulas sebáceas palpebrais.

TERMOTERAPIA. Fisioterapia que se utiliza da ação benéfica do calor sobre o organismo. O calor favorece a sudorese (facilitando a eliminação de substâncias tóxicas), provoca vasodilatação, estimula o sistema neuromuscular e encontra aplicabilidade principalmente nas doenças articulares.

TESAURISMOSE. Síndrome caracterizada pelo acúmulo de produtos metabólicos no interior de órgãos, especialmente no fígado. A lipoidase e a esteatose são formas de tesaurismose.

TESTÍCULO. Glândula sexual masculina (gônada masculina) que elabora o espermatozóide. Situados sob o pênis, os dois testículos estão contidos num receptáculo, o escroto, dividido em duas bolsas, cada uma contendo uma gônada. O órgão é envolvido por um invólucro, a túnica albugínea, que protege o tecido testicular propriamente dito. Neste são elaborados os espermatozóides, e a seguir são conduzidos através do ducto deferente para as vesículas seminais, as quais constituem o reservatório espermático. O tecido intersticial dos testículos elabora a testosterona, caracteres sexuais secundários e a energia muscular.

TESTOSTEROSA. Ver testículo.

TETANIA. Síndrome caracterizada por um estado de hiperexcitabilidade neuromuscular geral permanente, que se revela com fenômenos espásticos generalizados sob forma de acessos. Estes, muito dolorosos, atingem um ou vários grupos musculares. Os acessos são precedidos de mal-estar geral: cefaléia intensa, formigamento nos dedos. São características as contrações dos músculos mímicos dando ao paciente uma fisionomia de riso e de terror ao mesmo tempo (riso sardônico), dos músculos da mão, que assume atitude como se estivesse empunhando um lápis, e do braço. Às vezes, são tingidos os músculos da laringe e que causam dispnéia inspiratória. É variável a duração da crise: de algumas horas a alguns dias. As crises surgem após estímulos mínimos, como esforços, emoções, etc. Existem diversas formas clínicas de tetania. A mais comum é a do hipoparatireoidismo (t.primitiva) que aparece após a excisão cirúrgica das paratireóides. A t. é secundária quando devida à hipocalcemia que, por sua vez, está relacionada com diversas condições: insuficiente absorção desse elemento (diarréia crônica, doença celíaca, etc.); aumento do consumo de cálcio (gravidez e lactação); alcalose (hiperpnéia, ingestão exagerada de alcalinos, obstrução do piloro, esta resultando da t. gástrica); disendocrinopatias; retenção de fosfatos. As formas de t.infantis são causadas por: hipoparatireoidismo, hipocalcemia, alcalose, insuficiência renal. Quando não são determinadas as causas que originam a t. infantil, fala-se em t. infantil idiopática.

TÉTANO. Moléstia infecciosa provocada por um bacilo isolado em 1886 por A. Nocolaier, o Clostridium tetani. Este bacilo elabora uma toxina que se fixa nas células nervosas motoras da medula espinal, determinando contraturas musculares. Vive no intestino de animais herbívoros (especialmente eqüinos e bovinos), os quais liberam os esporos com os excrementos. O homem adquire a infecção, geralmente através de ferimentos que permitem a penetração dos bacilos no organismo; às vezes, a porta de entrada é uma pequena lesão nas mucosas, aparentemente invisível (tétano espontâneo). Outras vezes, a moléstia instaura-se longo tempo após o episódio traumático (tétano tardio). O período de incubação varia de 8 a 14 dias; a base prodrômica é caracterizada por cefaléia intensa, cansaço, arrepios, contrações tônicas musculares, cãibras, espasmos dos músculos mastigadores (a mandíbula se fecha contra os maxilares superiores). Quase ao mesmo tempo, manifestam-se contrações dos músculos mímicos que conferem uma expressão facial característica (fácies tetânica). Sucessivamente são comprometidos músculos da nuca e os extensores do pescoço e do dorso (opistótono) que obrigam o paciente a curvar a cabeça para trás. Num segundo tempo, instalam-se espasmos nos membros superiores, muito dolorosos (especialmente nos músculos flexores) e nos membros inferiores (nos músculos extensores), os quais se acentuam quando ocorrem estímulos sensitivos. As cãibras localizam-se também nos esfíncteres, impedindo a micção e a defecação.

Na maioria dos casos, o tétano é acompanhado de febre elevada, às vezes intermitente. A evolução pode ser fulminante, com morte em 24 a 48 horas; aguda, com morte em alguns dias; crônica, de prognóstico relativamente mais favorável e sintomatologia menos dramática. A mortalidade pelo tétano era muito elevada há alguns anos; atualmente, pode ser diminuída pela administração precoce de soro antitetânico e o uso de antibióticos. É de boa norma o uso do soro em todos os casos de ferimentos infectados, inclusive nos queimados. Tétano dos recém-nascidos: infecção tetânica dos recém-nascidos que é contraída através do umbigo.

TETRAPLEGIA. Ver Paralisia.

TÍBIA. Osso longo que, com o perôneo, forma o esqueleto da perna.

TIBIAL ANTERIOR (Músculo). Músculo da face anterior da perna que contribui para os movimentos de flexão do pé.

TIFLITE. Processo inflamatório agudo ou crônico do ceco (primeira porção do intestino grosso).

TIFO ou FEBRE TIFÓIDE (ou Tifo abdominal). Moléstia infecciosa aguda provocada pelo bacilo de Eberth (Salmonella typhosa). O contágio dá-se por contato com doentes ou pela ingestão de alimentos contaminados, inclusive pela água. Neste caso, o processo mórbido se instaura como epidemia. Os agentes patogênicos responsáveis pelo tipo difundem-se no sangue após um período de incubação que varia entre uma e três semanas, determinando um estado septicêmico. Em seguida, lesam os linfonodos, especialmente os intestinais, as vias biliares e a vesícula biliar. O período prodrômico é caracterizado por enfraquecimento geral, distúrbios intestinais e febre. Esta aumenta progressivamente até atingir 39-40ºC. No período inicial, observam-se: cefaléia, hemorragias freqüentes, anorexia. A seguir, manifesta-se esplenomegalia, evacuação de fezes liquefeitas e esverdeadas. No abdome surgem roséolas, com dimensões de um grão de milho e que empalidecem à pressão digital. Os linfonodos intestinais lesados determinam necrose da mucosa desse órgão e ulcerações. Estas podem comprometer vasos sanguíneos, dando lugar a hemorragias ou, então, perfurar a parede intestinal (peritonite perfurante). Às vezes, os distúrbios intestinais tornam-se muito graves. São freqüentes as complicações representadas por bronquite, laringite, endocardite, meningite, flebite. Os doentes de tifo devem ser notificados compulsoriamente às autoridades sanitárias e isolados.

Existe uma vacina antitífica para utilização nas comunidades ameaçadas pela epidemia. A mortalidade por tifo era bastante alta; atualmente, a moléstia pode ser controlada em curto prazo graças a um antibiótico (cloranfenicol).

TIFO MURINO. Ver Rickettsioses.

TILOMA. Ver Calo cutâneo.

TIMO. Glândula endócrina situada entre o pescoço e o mediastino anterior. Na puberdade, o t. sofre atrofia. Ver Glândulas endócrinas.

TIMOLINFÁTICO (Estado). Doença da adolescência, ligada ao hipertimismo. Manifesta-se por excessivo desenvolvimento somático, hipotensão, linfatismo e hipogenitalismo.

TIMPANISMO. Som semelhante ao de um tambor obtido através de percussão de regiões correspondentes a órgãos que contêm ar. Em condições patológicas, o t. pode ocorrer no pulmão, no útero, no abdome.

TÍMPANO. Ver Ouvido.

TINHA. Dermatose do couro cabeludo provocada por parasitos que atingem o pelo na raiz, invadem o folículo e a epiderme. As formas mais comuns são:

Tinha favosa: afecção contagiosa, de evolução crônica e grave. O parasito (Achorium scroenleinii) insinua-se na camada córnea e multiplica-se ao redor do pelo, formando uma depressão de cor amarelada. Os cabelos descoram-se e caem.

Tinha tricofítica ou tonsurante: determinada pelo Tricophyton tonsurans, afeta o couro cabeludo e também a face. Os pelos são extremamente curtos.

Tinha verdadeira: nome vulgar da tinha favosa.

Tinha falsa: nome de diversas afecções não contagiosas do couro cabeludo.

TIQUES. Contrações musculares rápidas, intermitentes, involuntárias, que surgem intempestivamente, reproduzindo-se sempre do mesmo modo. É uma forma de hipercinesia. Enquanto nas demais hipercinesias (movimentos coréicos, atetósicos e balismo) os movimentos desordenados, involuntários, são dependentes de lesões no corpo estriado (núcleo de substância cinzenta situado na base do cérebro), ou em outro núcleo do sistema extrapiramidal, os tiques não tem substrato anátomo-patológico conhecido. Os tiques podem aparecer em qualquer idade, geralmente entre 6 e 10 anos ou na puberdade. É fenômeno hereditário, freqüentemente familiar; desaparecem durante o sono.

Tiques da Pálpebras: manifesta-se por batimentos curtos e freqüentes das pálpebras (tiques de nictação), contrações palpebrais tônicas (tiques de pestanejar), contração do músculo elevador da pálpebra (tiques de arregalar os olhos)

Tiques dos lábios: caracterizado por movimentos labiais simulando sucção, ou por morder os lábios.

Tiques do nariz: desvio da metade inferior do nariz para um lado ou para baixo.

Tiques da língua: projeção da língua para a frente ou para os lados.

Tiques do pescoço: movimentação dos músculos determinando rotações ou sacudidas da cabeça, movimentos frontais, etc.

Doença dos tiques ou Miospasia convulsiva: tiques mais ou menos generalizados, persistentes, de evolução progressiva que se inicia com contrações dos músculos da face, seguidos de movimentos da cabeça, das espáduas, dos membros superiores, convulsões do tronco, acompanhadas de ecolaia (repetição de palavras). À medida que os tiques se generalizam, surgem distúrbios psíquicos. A doença é mais comum nas mulheres, durante a puberdade.

TIREÓIDE (Cartilagem). Ver Laringe.

TIREÓIDE. Glândula endócrina situada na região anterior do pescoço que elabora hormônios importantes, entre os quais a tiroxina. Ver Glândulas endócrinas.

TIREOIDITE. Inflamação aguda ou crônica da tireóide. A tireoidite aguda manifesta-se com febre, tumefação dolorosa local, mal-estar gera.

TOCOFEROL. Ver Vitaminas (Vitamina E).

TOFOS. Nódulos justarticulares ou articulares, constituídos por uma massa de cor amarelada com aspecto de material caseoso, característicos da gota crônica.

Os tofos justarticulares se formam nas bolsas serosas e sinoviais das bainhas tendinosas, sendo mais freqüentes ao nível do olecrano, da rótula, no tendão de Aquiles e nos artelhos dos pés. Sua consistência pode ser mole ou dura como pedra; são móveis, não dolorosos e podem fistulizar. Os tofos articulares determinam perturbações funcionais da articulação, impossibilitando os movimentos; as sedes destes tofos são: o grande artelho, a face dorsal das mãos e dos dedos. Existem também os tofos aberrantes (em geral único) localizados no tecido celular subcutâneo ou no derma do tegumento que recobre a articulação. Os tofos são formados por precipitados de ácido úrico nos tecidos.

TOMOGRAFIA. Imagem radiológica de uma única camada de órgão, obtida com a finalidade de evidenciar, com maior precisão e detalhes, a presença de eventuais processos patológicos.

TONO ou TÔNUS MUSCULAR. Estado particular de tensão no qual se encontram os músculos durante a fase de repouso.

TONSILAS (ou Amídalas). Órgãos linfáticos constituídos por numerosos folículos; os mais importantes são as t. palatinas (ou amídalas ou simplesmente tonsilas) situadas no retroboca, atrás do istmo da garganta, entre os arcos palatoglossos (anteriores) e os arcos palatofaríngeos (posteriores). A t. faríngea, que se hipertrofiando dá origem às vegetações adenóides, está situada na porção mais alta da cavidade faríngea. Existem ainda as tubáricas, as t. linguais e as t. laríngeas, as quais juntamente com as faríngeas e as palatinas e os pequenos e numerosos nodos linfáticos da mucosa faríngea e palatina, formam o anel linfático que desempenha importante função de defesa contra os agentes infecciosos provenientes da boca e do nariz.

TÓRAX. Parte superior do tronco delimitada, em cima, pela base do pescoço e, embaixo, pela arcada costal. Seu esqueleto é formato pelo segmento torácico da coluna vertebral, pelo esterno e pelas costelas. São freqüentes as deformidades do tóxax dentre as quais o tórax raquítico, no qual o esterno se projeta para a frente (peito de pombo); é observado sobretudo em crianças com raquitismo.

TORCICOLO. Afecção dolorosa do pescoço e da região superior do ombro, geralmente provocada por compressão de raiz nervosa na sua emergência da coluna vertebral.

TORNOZELO. Região que corresponde à articulação entre a perna e o pé.

TOSSE. Expiração brusca e ruidosa com a glote fechada. Trata-se de fenômeno reflexo que tem por finalidade expelir corpos estranhos que penetram nas vias aéreas ou as secreções patológicas formadas no aparelho respiratório. Pode ser seca ou úmida, conforme seja acompanhada ou não de expectoração. Quando é acompanhada de estenose da laringe, ocorre a tosse convulsiva, característica da coqueluche.

TOSSE COMPRIDA. Ver Coqueluche.

TOXICOMANIA. Necessidade incontrolável de uso de substâncias que conduzem a um estado de dependência psíquica e somática; são exemplos os hipnoanalgésicos, o álcool e outras como os estimulantes do psiquismo. O estudo da t. envolve muitos aspectos de extraordinária importância médica e social. Paralelamente à dependência a essas drogas, ocorre tolerância, ou seja, os toxicômanos chegam a suportar doses elevadíssimas. Na t. pelos hipnoanalgésicos, o viciado sente euforia, sensações de alívio, liberdade de imaginação, mas padece de efeitos desagradáveis como alterações gastrintestinais, perturbações da visão, tremores, etc. Tais pessoas, desejando obstinadamente obter sensações que as satisfaçam, são compelidas a aumentar as doses da droga e as suportam porque adquirem tolerância com a repetição do uso, o qual escraviza o corpo e a mente. A t. pelos hipnoanalgésicos leva à intoxicação crônica cujas manifestações são muito variáveis: sudorese, miose, perda de apetite, desnutrição, prisão de ventre, amenorréia, tremores musculares, insônia, agitação, febre, vômito, diarréia, midríase, impotência, etc.

O alcoolismo além de ser um problema médico é também um problema social, econômico e criminal. Na t. pelo álcool, o viciado pode apresentar: inapetência, náusea, vômito (principalmente matutino), diarréia, dores abdominais, desnutrição, rubor facial, subicterícia conjuntival, cefaléia, vertigem, tremores da extremidades, insônia, polinevrites, etc., culminando com o delirium tremens, que é a crise aguda de uma psicose observada após excessiva ingestão alcoólica. O delirium tremens caracteriza-se pelo delírio (desorientação temporoespacial, alucinações visuais, zoopsias ou alucinação visual de ratos, morcegos, cobras) e tremores generalizados. O delírio pode provocar a morte por edema cerebral.

TOXICOSE. Termo que indica um estado de intoxicação no organismo.

TOXIDERMIA. (ou Dermatite tóxica). Processo inflamatório cutâneo provocado pela ação de substâncias tóxicas endógenas ou exógenas.

TOXINAS. Substâncias protéicas de ação. Podem ser de origem animal (zootoxinas), vegetal (fitotoxinas) ou bacteriana (toxinas bacterianas). As últimas são elaboradas pelo micróbio vivo (exotoxinas) ou se liberam dos corpos bacterianos mortos circulantes no sangue (endotoxinas). Sua presença no organismo provoca a formação de anticorpos, com finalidade defensiva. Ver Imunidade.

TRABALHO (Moléstias do). Ver Profissionais (Moléstias).

TRACOMA (ou Conjuntivite granulosa ou tracomatosa). Forma grave de conjuntivite, provocada por um vírus, o qual pode transmitir-se por contato digital direto ou por outros meios. Trata-se de doença infecciosa bastante difundida em certas regiões de todo o globo. A implantação do vírus é favorecida por condições precárias de higiene. O quadro clínico caracteriza-se por formações nodulares e papilares nas conjuntivas das pálpebras superiores e inferiores, com espessamento dessas conjuntivas e secreção. Os nódulos apresentam-se como grânulos (donde a denominação de conjuntivite granulosa); quando estes grânulos sofrem processo degenerativo, ocorre distensão dos tecidos, seguida de cicatrização e atrofia. Os cílios encurvam-se para o globo ocular e tocam a córnea; as pálpebras encurvam-se para o interior (entrópio) e a córnea pode ulcerar e cobrir-se de manchas, diminuindo o poder visual. A evolução é variável: quando tratado precocemente, o tracoma desaparece em curto prazo; se negligenciado, dá lugar a complicações locais. Há algum tempo, a incidência do tracoma era elevada; hoje, o número de tracomatosos diminuiu grandemente, graças a medidas de caráter higiênico-profiláticas. O agente infeccioso ainda não foi identificado. Noguchi isolou uma bactéria, denominada Bacterium granulosis que provoca experimentalmente no macaco uma infecção tracomatosa.

TRAPÉZIO (Músculo). Músculo par, simétrico, situado na nuca e na parte superior do dorso.

TRAPÉZIO e TRAPEZÓIDE. Dois pequenos ossos do carpo.

TRAQUÉIA. Segmento do aparelho respiratório compreendido entre a laringe (em cima) e os brônquios (embaixo). Tem o formato de um tubo cilíndrico com 12-13 cm no homem e 10-11 cm na mulher. É constituída por uma série de 16 a 20 arcos de cartilagem hialina, incompletos na parede posterior, sobrepostos e unidos entre si pelos ligamentos anulares. Internamente a t. é revestida por mucosa.

TRAQUEÍTE. Processo inflamatório agudo ou crônico da mucosa traqueal. Está sempre ligado à inflamação da laringe ou dos brônquios.

TRAQUEOTOMIA. Intervenção cirúrgica que consiste em praticar uma incisão na traquéia. É recurso utilizado em casos de grave estenose laríngea ou na difteria, quando ocorre sério comprometimento da função respiratória.

TREMOR. Estado patológico que consiste na presença de movimentos rápidos e involuntários, bem visíveis nas extremidades e encontrado em diversas moléstias do sistema nervoso, no etilismo crônico e outras.

TREPONEMAS. Microrganismos longos e delgados, dos quais alguns são patogênicos para o homem, como o Treponema pallidum, agente responsável pela infecção sifilítica.

TRIBADISMO. Forma de perversão sexual que consiste na fricção mútua da genitália entre mulheres. É uma forma de homossexualismo.

TRÍCEPS BRAQUIAL (Músculo). Músculo da região posterior do braço. Apresenta, como o seu nome o diz, três cabeças (longa, lateral e medial). Sua função é fazer a extensão do antebraço sobre o braço.

TRICOBEZOAR. Termo usado para designar a presença de concreções no estômago ou no intestino, formadas por substâncias diversas, em geral associadas a muco e restos alimentares. Na dependência de seus constituintes, recebem nomes diversos: tricobezoar (pelos e cabelos); fitobezoar (fibras vegetais); fitotricobezoar (mistura de cabelos e fibras). É relativamente rara e se caracteriza por dores gástricas, náusea, vômito, anemia discreta.

TRICOCEFALOSE ou TRICOCEFALÍASE. Parasitose intestinal provocada por nematóides do gênero Tricocéfalo; estes determinam emagrecimento, fenômenos nervosos, dores abdominais.

TRICOFAGIA. Hábito de comer cabelos. Ver Tricobezoar.

TRICOMICOSE ou TRICOMICETOSE. Parasitos dos pêlos da axila e do púbis,, provocada por fungos. A afecção manifesta-se com crostas cinza-róseas ou amareladas, aderentes à haste do pêlo.

TRICOMONÍASE. Parasitose vaginal ou intestinal provocada por duas variedades de protozoários, o Trichomonas vaginalis e o Trichomonas intestinalis. A t. vaginal manifesta-se com leucorréia e prurido intenso; a t. intestinal provoca diarréia, náusea e vômito.

TRICORREXIA. Ruptura de cabelos.

TRIGÊMIO (Nervo). Quinto par de nervos cranianos. O t. tem função sensitiva e motora: inerva a face e a metade inferior da cabeça.

TRIGONOCEFALIA. Malformação congênita do crânio que apresenta forma triangular devida à fronte saliente.

TRIPANOSSOMOSE ou TRIPANOSSOMÍASE. Doença provocada por parasitas do gênero Tripanossomo, protozoários flagelados caracterizados por apresentarem flagelo inserido sobre uma massa cromática.

Tripanossomose americana ou Moléstia de Chagas: provocada pelo Trypanosoma cruzi, descoberto em 1908 por Carlos Chagas no intestino de um inseto hematófago, vulgarmente denominado barbeiro ou chupança, o qual, no período noturno, procura sugar o sangue de vertebrados, inclusive o homem. Este, em geral, é picado na face, ocasião em que o inseto deposita fezes contendo os parasitas que infestam a pele formando uma pequena lesão acompanhada de edema das pálpebras, ou penetram através das mucosas. A seguir, os tripanossomas são veiculados pelo sangue e localizam-se em certos órgãos, preferentemente no coração, onde penetram nas fibras cardíacas e se multiplicam constituindo uma lesão ,a miocardite chagásica e conseqüente insuficiência cardíaca. Os tripanossomas lesam também o sistema nervoso autônomo e determinam alterações do esôfago, estômago, intestino.

O inseto vetor pertence a três gêneros principalis: Triatoma, Panstrongylus e Todhnius; no Brasil, a principal espécie é o Triatoma infestans e na América do Sul, o Triatoma megista. São encontrados no meio rural, em casas de barro, entre o madeirame dos ranchos e, excepcionalmente, em casas de tijolos.

O barbeiro infesta-se quando pica certos animais, denominados reservatórios naturais, que albergam o parasita sem apresentarem a doença; o tatu, os roedores silvestres e as galinhas são reservatórios naturais do Trypanosoma cruzi. A moléstia de Chagas constitui um grave problema sanitário brasileiro.

Tripanosoma africana ou Moléstia do sono: moléstia infecciosa crônica, cuja evolução é de vários anos, provocada por tripanossomos, isto é, do mesmo gênero dos protozoários que causam a moléstia de Chagas. Ocorre somente na África Ocidental e Central, especialmente na bacia do Congo, provocada pelo Trypanosoma gambiensi ou pelo Trypanosoma rhodesiensi. O parasita penetra no sangue do homem através da picada de moscas (Glossina palpalis ou Glossina morsitans), vulgarmente conhecidas como tse-tsé. Os tripanossomos multiplicam-se no intestino dessas moscas e localizam-se nas suas glândulas salivares; são inoculados quando ocorre a picada, disseminando-se pelo organismo do homem. O período de incubação é de duas a quatro semanas. No início, a afecção revela-se com episódios febris irregulares (a temperatura atinge, às vezes, 40ºC), intervalados por períodos afebris. Os linfonodos se tumefazem, o baço e o fígado aumentam de volume (espleno e hepatomegalia) e o doente apresenta depauperamento orgânico progressivo. Na fase seguinte, denominada letárgica, ocorre comprometimento do sistema nervoso. Os sintomas são: apatia e sonolência incontrolável (o doente desperta somente após estímulos profundos). Além disso, há: cefaléia intensa, edemas faciais, sensações dolorosas diversas. Quando a doença afeta o sistema nervoso pode ter evolução fulminante (com convulsões, coma profundo e morte em poucos dias) ou lenta (acompanhada de distúrbios neurológicos diversos e complicações de um novo quadro infeccioso, favorecido por condições orgânicas muito debilitadas).

TRIPLOPIA. Visão tripla de um mesmo objeto, devida a lesões do cristalino.

TRIQUÍASE. Disposição anormal dos cílios que se desviam para o bulbo ocular. Trata-se de fenômeno congênito ou adquirido; neste caso, é devida a lesões da margem palpebral ou ao tracoma. A t. pode provocar o aparecimento de moléstias da córnea e, portanto, exige tratamento cirúrgico.

TRIQUINÍASE ou TRIQUINOSE. Parasitose intestinal provocada por hematelmintos do gênero Trichina. Estes, invadindo o organismo através da ingestão de alimentos contaminados, localizam-se no intestino e provocam vômito, diarréia e febre. Suas larvas passam para o sangue e localizam-se em músculos, onde determinam sintomatologia variável.

TRISMO. Contração espasmódica dos músculos elevadores da mandíbula.

TROCANTERES. Duas tuberosidades ósseas (grande e pequeno trocanter) da extremidade superior do fêmur.

TROCLEAR (Nervo). Quarto par de nervos cranianos que inervam os músculos oculares; estes permitem a rotação do bulbo ocular no sentido vertical.

TROMBO. Coágulo de sangue que se forma no interior de vasos. É constituído por um núcleo de plaquetas envolvido por fibrina e por glóbulos sanguíneos. Sua origem está relacionada com alterações circulatórias ou com lesão circunscrita da parede do vaso.

TROMBOARTERITE OBLITERANTE (ou Endarterite obliterante). Moléstia caracterizada por oclusão de artérias inflamadas.

TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE (ou Moléstia de Bürger ou Gangrena espontânea juvenil dos membros inferiores). Processo inflamatório crônico e progressivo dos vasos e dos linfáticos dos membros inferiores. A moléstia provoca uma diminuição progressiva da luza vasal e a formação de massa trombótica. O tecido, como conseqüência, sofre necrose e o doente acusa dores locais intensíssimas. A etiopatogenia é obscura. A oclusão pode atingir também os membros superiores, sendo freqüente nos fumantes.

TROMBOCITOPENIA. Ver Plaqueotopenia.

TROMBOCITOSE. Ver Plaquecitose.

TROMBOFLEBITE. Processo inflamatório de uma veia, acompanhado da formação de trombos.

TROMBOSE. Por t. entende-se a formação de um coágulo (trombo) no interior de um vaso sangüíneo; para que tal fenômeno ocorra, são necessárias peculiares condições patológicas: diminuição da velocidade do sangue, lesão do endotélio e alteração da composição do sangue. A diminuição da velocidade do sangue se dá em pessoas portadoras de moléstias cardíacas, nas quais a musculatura do coração não tem condições para se contrair com energia suficiente. Em outros casos, porém, a diminuição da velocidade ocorre em distúrbios dos vasos como nos aneurismas (ver Aneurisma) e nas varizes.

As alterações da parede que mais freqüentemente são responsáveis pela t. são a arteriosclerose, a flebite, a moléstia de Bürger, os traumatismos, sobretudo quando repetidos. As tromboses que ocorrem no período subseqüente às operações são explicadas, pelo menos parcialmente, pelo aumento de globulinas, de plaquetas, e da velocidade de hemossedimentação; além disso, pode influir o tempo de permanência no leito, pois esta diminui a velocidade de circulação do sangue. Em alguns casos, a t. não provoca sintomas; outras vezes, o trombo oclui um vaso impedindo a chegada de sangue nos tecidos. Forma-se, portanto, um infarto, o qual será particularmente grave quando o órgão atingido é o coração, o pulmão ou o cérebro. Um dos perigos das tromboses é representado pelo desgarramentos de um êmbolo, o qual, entrando na circulação, pode atingir diversos órgãos.

Trombose das coronárias: a oclusão dos vasos coronarianos é muito grave porque causa o infarto do miocárdio.

Trombose cerebral: provoca a apoplexia cerebral (ver).

TSUTSUGAMUCHI. Ver Rickettsioses.

TUBERCULOMA. Processo granulomatoso de natureza tuberculosa, constituído por conjunto de tubérculos. É freqüente no intestino, no pulmão e no cérebro.

TUBERCULOSE. Moléstia infecciosa de origem bacilar, de evolução aguda ou crônica, determinada pelo bacilo de Koch ou Mycobacterium tuberculosis (do qual existem três variedades: hominis, bovis e avium, sendo somente os dois primeiros patogênicos para o homem). A via de contágio mais freqüente é a aérea; de fato, no ar estão presentes germes provenientes da expectoração de pessoas portadoras de t.pulmonar; mais rara é a contaminação provocada pela ingestão de leite de animais infectados. A t. não é hereditária, conforme se pensava até há poucos anos; porém, os filhos de tuberculosos têm uma certa predisposição à moléstia. Os astênicos, os malnutridos e os que vivem em ambientes insalubres são particularmente suscetíveis à t.

Como o bacilo de Koch está em toda a parte, as pessoas são contaminadas à medida que crescem; assim, na idade de 25 anos, a maior parte da população já adquiriu a infecção. Penetrando no organismo, o Mycobacterium tuberculosis determina a formação de uma lesão primária, em geral localizada nos pulmões (esta lesão é formada pelo cancro de inoculação junto à pleura e pelo comprometimento do linfonodo tributário da região, constituindo o complexo primário tuberculoso). A primoinfecção tuberculose pode evoluir de três modos diversos. Na maioria dos casos, o processo é envolvido por tecido fibroso e sobre impregnação calcária, que representa a cura anatômica mas não bacteriológica, porque permanecem, nos linfonodos, bacilos com capacidade de infectar e determinar a progressão a moléstia em qualquer época; em alguns casos, as lesões da primoinfecção alastram-se por todo o pulmão, resultando a pneumonia lobular caseosa ou lobar e formação da caverna primária; a lesão do linfonodo também generaliza-se determinando o aparecimento de nódulos minúsculos que caracterizam a tuberculose miliar, de evolução maligna e que leva à morte em poucos dias. Em outros casos ainda, o cancro de inoculação calcifica-se, mas o processo continua a sua evolução no lifonodo, o qual se propaga para os do pescoço, resultando na tuberculose ganglionar ou escrofulose. Portanto, a lesão ganglionar é importante na propagação da t., porque pode abrir-se numa cavidade serosa determinando a tuberculose da pleura, do pericárdio, do peritônio ou num brônquio provocando a bacilemia e conseqüentemente a t. miliar ou a formação de focos em outros órgãos (metástase tuberculosa), como no osso, no rim, na supra-renal, na próstata, no epidídimo, etc. A primoinfecção adquirida, quando se cura, não constitui perigo para o organismo. Se a pessoa apresentar a tuberculose em outra época, é porque foi novamente infectada. Para alguns, a reinfecção seria endógena ou seja, o fenômeno constituiria a evolução de um foco metastático pulmonar; para outros, a reinfecção seria exógena, provocada pela nova penetração de bacilos provenientes do exterior.

Tuberculose Pulmonar: o pulmão é o órgão mais facilmente atingido pela t., tanto na fase primária como na sucessiva. Os indivíduos afetados por essa moléstia acusam sintomas gerais que compreendem mal-estar, cansaço fácil, emagrecimento progressivo, febrícula (principalmente à tarde), taquicardia e hipotensão. O sintoma que denuncia a localização pulmonar do processo é a tosse; esse distúrbio é particularmente intenso pela manhã sendo acompanhado nas fases mais avançadas da moléstia, de expectoração; às vezes, o doente elimina sangue em grande quantidade (hemoptise); a perda de sangue piora o estado geral. Quando o processo atinge a pleura, surge dor pronunciada no tórax.

A evolução favorável da moléstia depende do diagnóstico precoce, de fato, se as lesões ainda não são muito extensas, tratamentos adequados conduzem à cura completa.

Formas clínicas da tuberculose pulmonar.

A t. pulmonar pode ser primária ou pós-primária.

Tuberculose primária: incide preferentemente na infância e na puberdade. A primeira manifestação anatomopatológica é o Complexo primário pulmonar, caracterizada por um foco circunscrito, inflamação dos vasos linfáticos, tumefação dos linfonodos do hilo pulmonar. O foco pode regredir ou expandir-se posteriormente.

Tuberculose pós-primária: apresenta formas produtivas e formas exsudativas. As produtivas são: acinosa produtiva, acinonodosa, cavernosa (resulta do comprometimento do brônquio, quando o processo peribronquial sofre caseificação e é eliminado para o exterior, resultando uma perda do tecido pulmonar que é a caverna), esclerosa ou esquirrótica. As formas exsudativas são: acinosa exsudativa, pneumonia lobular caseosa (atingindo todo o lóbulo pulmonar), pneumonia lobar caseosa (o comprometimento é do lobo ou mesmo de todo o pulmão), miliar (minúsculos nódulos do tamanho da cabeça de alfinete, disseminados pelo pulmão e demais órgãos). A pneumonia lobar e a lobular caseosas são formas agudas e graves, conhecidas sob a denominação de tuberculose galopante. Nestas formas o exsudato e o tecido pulmonar sofrem necrose caseosa; o tecido amolece e se elimina para o exterior, formando cavidades e constituindo as cavernas agudas.

Tuberculose cutânea: a pele pode ser comprometida pela t. constituindo o lupus vulgaris que se apresenta sob a forma de pequenas pápulas de cor castanho-avermelhada na face, lábios e nariz. Manifesta-se durante a juventude; geralmente é benigna, tem evolução lenta e cura-se sem deixar seqüelas. As outras formas de t.c. são relativamente pouco freqüentes: úlceras tuberculosas (localizada preferentemente ao redor dos orifícios naturais), a tuberculose verrucosa (presença de verrugas nas mãos e nos pés), as tuberculites cutâneas, a t.c. vegetante, e as raras formas cutâneas de tuberculose primária e miliar generalizada.

Tuberculose intestinal: na maioria dos casos é secundária à t. pulmonar, geralmente provocada pela ingestão da expectoração infectada. As formas principais são a ulcerosa e a hiperplástica. No primeiro caso, quase sempre é comprometido o íleo; no último, o ceco.

O quadro clínico caracteriza-se por diarréia obstinada e grave depauperamento. Entre as complicações situam-se a peritonite tuberculosa e as estenoses intestinais.

Tuberculose dos linfonodos: os linfonodos constituem uma sede freqüente dos bacilos de Koch que os atingem por via linfática ou endógena. Os linfonodos mais atingidos são, em geral, os cervicais (escrofulose), os torácicos e os mesentéricos.

Tuberculose osteoarticular ou Mal de Pott: lesão das vértebras, principalmente as dorsais e as lombares; a afecção é caracterizada por processo necrótico do corpo vertebral, provocado por bacilos de Koch provenientes de focos próximos ou longínquos. Formam-se lesões específicas que corroem intensamente o tecido ósseo, com destruição completa da vértebra.

Tuberculose renal: depois do pulmão, o rim representa a sede mais freqüente da tuberculose. Incide de preferência no adulto, principalmente dos 20 aos 40 anos de idade. O quadro clínico é caracterizado por um processo destrutivo do tecido renal com o aparecimento de massas caseosas que se estendem para a pelve renal, obstruindo o fluxo urinário. Com a evolução, essas massas desfazem-se dando lugar a cavidades irregulares (tuberculose cavernosas do rim). A função do rim é bastante comprometida; além disso, o bacilo de Koch infecta as vias renais, especialmente a bexiga, complicando o quadro clínico. Às vezes, as lesões podem permanecer latentes, o que é prejudicial porque impede o diagnóstico precoce. A evolução da t. renal é lenta e progressiva.

Tuberculose do testículo: ver Orquiepididimite.

Tuberculose do útero e dos anexos: pode incidir no útero, principalmente no colo uterino e nos seus anexos. A Tuberculose do colo uterino (ou cervicite tuberculose) é caracterizada por um processo ulcerativo ou pelo aparecimento de formações fungóides; manifesta-se com amenorréia e queimor local. A Tuberculose dos ovários determina distúrbios da função endócrina das gônadas. A Tuberculose das salpinges (salpingite tuberculosa) revela-se com dores e dismenorréia.

Tuberculose no encéfalo: a sede eletiva é a base do encéfalo, principalmente na protuberância ou no pedúnculo cerebral; no cérebro, localiza-se no corpo estriado ou no tálamo. A lesão tuberculosa no encéfalo provoca distúrbios semelhantes ao dos tumores cerebrais.

Leptomeningite tuberculosa: mais freqüente nas crianças, evolui no interior dos espaços aracnoidianos da leptomeninge, formando um exsudato sorofibrinoso; este exsudato sofre caseificação e acumula-se nas cisternas da base. É uma forma grave de t.

Tratamento da Tuberculose: é realizado à custa de medicamentos muito eficazes, os quais podem permitir a obtenção da cura completa. Os medicamentos são divididos em dois grupos: os standard ou de 1ª linha ou medicamentos maiores e os de reserva ou de 2ª linha ou medicamentos menores. Os de 1ª linha são destinados aos doentes que nunca foram anteriormente tratados (virgens de tratamento); os de 2ª linha são administrados aos doentes (crônicos) cujos bacilos infectantes tornaram-se resistentes aos medicamentos de 1ª linha (ver Resistência bacteriana).

O tratamento da t. (ou quimioterapia da t.) deve sempre ser realizado com o uso de associações de medicamentos, durante tempo suficientemente longo, com regularidade e continuidade, o que exige colaboração do doente.

TULAREMIA. Moléstia infecciosa de roedores provocada pelo Pasteurella tularensis, o homem adquire a infecção lidando com o cadáver de coelhos infectados ou por meio de picada de carrapatos que se infetam em coelhos selvagens. A t. manifesta-se com febre elevada, vômito, cefaléia intensa e aparecimento de pápula que se ulcera e adenopatia satélite. A t. não foi ainda assinalada no Brasil.

TUMOR. Literalmente, o termo indica qualquer processo patológico que determine a tumefação de uma parte do corpo; porém, comumente, são considerados tumores somente as neoformações locais de tecido, constituídas por células atípicas (células neoplásicas) que se reproduzem sem seguir um plano organizado. Entre os t. distinguem-se duas grandes categorias: os t. malignos e os t. benignos. Os primeiros crescem rapidamente, infiltrando os tecidos circunjacentes, tendem a recidivar quando retirados por meio de cirurgia, determinam queda progressiva das condições gerais (caquexia) e dão metástases. As metástases são t. que se formam em regiões distantes da localização primitiva (exemplo: um tumor do pulmão pode dar metástase no cérebro); isso é devido ao transporte por via hemática ou linfática de células neoplásicas que se localizam em um determinado órgão e, multiplicando-se, dão origem a outro t.

Os t. benignos crescem lentamente, sem infiltrar os tecidos; em geral não recidivam, não dão metástases, nem provocam caquexia; os nervos cutâneos comuns, por exemplo, são t. benignos. Somente em alguns casos, eles podem tornar-se malignos. A etiologia dos t. vem sendo muito estudada: em alguns casos foi verificada origem viral (sarcoma de Rous de aves, mixomas do coelho, papiloma dos mamíferos, etc.). Além disso, foram individualizados alguns fatores que facilitam o aparecimento de determinados t.: aminas aromáticas, substâncias orgânicas contendo alguns corantes, produtos da destilação de combustíveis minerais (responsáveis pelo assim chamado câncer do alcatrão e do câncer dos fumantes), radiações ultravioleta e radiações ionizantes (as quais podem causar o aparecimento da leucemia no homem, como aconteceu após a explosão da bomba atômica em Hiroshima), desequilíbrios hormonais, etc.

Além disso, existem afecções que facilitam o aparecimento dos t. malignos: xeroderma pigmentosum, hipertricose maligna, leucoplasias, papilomas da bexiga e outras.

Os t. são classificados em função do tecido do qual têm origem: os t. malignos do tecido epitelial são denominados carcinomas, os dos tecidos mesenquimais sarcomas, etc.

Os principais t. malignos são:

Carcinoma linfático: possui um alto grau de malignidade, pois a neoplasia se difunde muito rapidamente para os tecidos circunjacentes.

Carcinoma do estômago: incide preferentemente no sexo masculino, entre os 50 e 60 anos de idade. Manifesta-se com inapetência, dispepsia, emagrecimento rápido, vômito, emissão de fezes sanguinolentas. Pode provocar perfuração do estômago e hemorragias. Freqüentemente dá metástases. O prognóstico é mau.

Carcinoma do Pulmão: a incidência do c. pulmonar aumentou bastante nos últimos decênios. Muitos cientistas concordam em indicar o fumo como fator etiológico predisponente. A sintomatologia é caracterizada por tosse, dores torácicas, expectoração. A seguir surge astenia, emagrecimento progressivo, febre. O c. complica-se com pleurite hemorrágica e com sintomas mais ou menos graves de compressão mediastínica. O prognóstico é sempre reservado.

Carcinoma da língua: inicia-se como uma ulceração ou como um nódulo duro de cor vermelho-escura que se ulcera rapidamente. Tem tendência a dar metástases precoces.

Carcinoma do esôfago: incide preferentemente no sexo masculino; pode provocar estenose comprometendo a função digestiva. Revela-se com emagrecimento, astenia, vômito. A evolução é má, com duração quase sempre não superior a um ano.

Carcinoma do intestino: desenvolve-se mais freqüentemente no intestino grosso. A conseqüência mais grave é a estenose intestinal, não sendo rara a perfuração do órgão. Revela-se com hemorragias, anemia, emagrecimento, dores sob a forma de cólicas, sensação de tensão abdominal, diarréia alternada com prisão de ventre. Quando o diagnóstico é feito precocemente, o êxito pode ser benigno.

Carcinoma do reto: bastante freqüente, manifesta-se com dores intensas, distúrbios da defecação, hemorragia, emagrecimento, astenia e anemia.

Sarcoma ósseo: apresenta evolução muito rápida e tendência a dar metástases,

Carcinoma da tireóide: dá metástases, rapidamente.

Carcinoma do pâncreas: incide mais no sexo masculino e revela-se pelo aparecimento precoce de icterícia, aumento de volume da vesícula biliar e sintomas de insuficiência pancreática.

Carcinoma do rim: provoca aumento de volume do órgão com sintomatologia caracterizada por dores agudas e contínuas na região lombar.

Carcinoma da mama: é bastante freqüente e revela-se na fase inicial como um nódulo duro que aumenta progressivamente.

Carcinoma do útero: afeta tanto o colo como o corpo uterino; a fase inicial pode não apresentar sintomas; mais tarde surgem leucorréia e dores. Tem tendência a dar metástases.

Carcinoma do ovário: quando de pequenas dimensões a sintomatologia é inaparente. Caso contrário, manifesta-se com dismenorréia, hemorragias, às vezes, dores sacrolombares.

Tumores no testículo: o mais freqüente é o seminoma que determina tumefação dos linfonodos e pode dar metástases pulmonares.

Tumores da próstata: são representados por sarcomas e carcinomas que se propagam rapidamente com metástases no esqueleto.

Tumores cerebrais: podem derivar do tecido nervoso (neuroblastomas, gliomas), das meninges (meningiomas), dos vasos sangüíneos (angiomas), da hipófise (adenomas), da epífise (pinealomas). Localizam-se mais freqüentemente na região mediana do cerebelo. Os sintomas são cefaléia, vômito, vertigens, distúrbios psíquicos, convulsões, paralisias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog

Quem sou eu

Nascido no Japão como filho de massagista shiatsu em 1947, imigrado ao Brasil em 1959, residente em Marília/SP/Brazil desde 1997.

Total de visualizações de página: