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terça-feira, 14 de julho de 2009

Dicionário Médico: Letra M

MACONHA. Sumidades floridas ou frutificadas, secas, dos exemplares femininos do cânhamo ou Cannabis sativa. Pertence à família das Moráceas, subfamília das Canabóideas, do gênero Cânamis, espécie Cannabis sativa, variedade indica. É um arbusto que chega a atingir 1,5 m a 2 m de altura, sendo a planta masculina mais baixa e mais delgada. É encontrada na Ásia, na Europa e nas Américas. A toxicidade da maconha varia em função do clima, do método de cultura, do modo de trata-la, das condições em que é posta à venda e, principalmente, da parte da planta da qual é extraída. A inflorescência da planta feminina é mais rica e ativa em resina; o princípio ativo é o tetra-hidro-canabinol do qual são extraídos: canabina, canabinina, tetracanabinina, hidrato de canabeno e outros. O cânhamo é originário da Ásia onde seu uso é muito difundido; daí se estendeu à Europa e hoje está disseminado em todo o mundo. Veio para o Brasil em 1549, trazida pelos escravos, sendo inicialmente cultivado e utilizado no Nordeste. Os preparados da Cannabis sativa, var. indica, são conhecidos sob denominações diversas em relação às regiões geográficas e à sua forma de usar ou à composição. Entre as mais comuns estão: o haxixe (resina pura das sumidades floridas dos exemplares femininos), conhecido na Índia como charas; também na Índia recebem o nome de ganja (inflorescências femininas consumidas sob a forma de bebidas), bhang (folhas dessecadas). As plantas inteiras, com variáveis porcentagens de folhas e de inflorescências, utilizadas em misturas para fumar e, às vezes, para beber, são denominadas marihuana (América e Europa), Kif (Norte da África), dagga (Sul da África), maconha (Brasil, onde também é conhecida pelos nomes de abanga, aliamba, bango, bangüê, banque, birra, cangonha, cânhamo-indiano, dirígio, fumo-de-angola, fumo-do-mato, fumo-selvagem, liamba, pango, riamba, soruma. As folhas e os cigarros feitos com maconha são vulgarmente denominados baseado, cheio, grinfa, fininho, pacau).

O vício da maconha é muito difundido, atingindo principalmente os jovens; avalia-se em cerca de 250 milhões o número de usuários de maconha atualmente no mundo. Em virtude da grande difusão do uso e abuso da maconha e da facilidade com que pode ser encontrada, resulta a sua maior nocividade, pois é por meio dela que as pessoas iniciam a sua degradação e entram no terreno dos tóxicos. Da maconha geralmente assam a consumir estimulantes do psiquismo (bolinhas) e destas ao ácido lisérgico (LSD) e, posteriormente, aos entorpecentes.

A maconha foi inicialmente utilizada pelas camadas mais baixas da sociedade mas, atualmente, se está infiltrando em todos os níveis, principalmente nas denominadas alta e média alta e nos meios universitários. Existem controvérsias quanto aos efeitos provocados pelo uso da maconha; um deles está relacionado com as declarações fantasiosas a respeito dos efeitos sobre a mente e na exaltação da esfera sexual. No entanto, está cientificamente comprovado que os efeitos mentais são totalmente dependentes do psiquismo dos fumantes e que a maconha não exerce ação afrodisíaca levando, ao contrário, à impotência, porque enfraquece o organismo e desgasta todas as suas reservas.

O problema do vício pela maconha é mais social do que médico, não havendo dúvidas quanto aos malefícios advindos do seu uso, pois ela provoca alterações somáticas e psíquicas. No entanto, para a verificação de efeitos psicossomáticos, é necessário que a maconha utilizada seja proveniente, exclusivamente, da planta feminina na fase da inflorescência.

Geralmente, a maconha encontrada à venda é uma mistura de plantas masculinas e femininas e, algumas vezes, adicionada de folhas de outras plantas.

Os sintomas verificados pelo vício de fumar maconha dependem da constituição psíquica das pessoas; não são observados sempre os mesmos tipos de efeitos pois, estes estão ligados à personalidade do fumante. A maconha pode determinar: taquicardia, irritação conjuntival, lacrimejamento, irritabilidade, delírio, sudorese. Como sensações subjetivas, têm sido descritos: ardor na garganta, sabor amargo, vertigem e tontura, sonolência, euforia e bem-estar, sede, angústia, pêlo nas pernas, anestesia na língua, gastralgia, embriaguez, sensação de fome, riso sem motivação e outros sinais. Tem sido muito discutida a questão relacionada com as propriedades alucinógena e viciante da maconha. Porém, não levando-se em conta a influência das descrições fantasiosas, a apreciação sóbria das observações e relatos das experiências efetuadas até o momento permite concluir que somente as pessoas com personalidade psicopática são sensíveis à maconha. Geralmente, os que descreveram os efeitos subjetivos sentidos durante o uso da maconha encontravam-se concomitantemente alcoolizados e possuíam nível intelectual baixo e formação em ambientes de delinqüência. Embora não esteja comprovada a existência de uma relação direta entre o uso da maconha e a criminalidade, a intoxicação provocada pelo vício representa o primeiro passo para a toxicomania; portanto, a maconha é o estágio inicial da degradação moral.

MACROCEFALIA. Desenvolvimento anormal do crânio devido à hidrocefalia (ver) ou ao espessamento dos ossos cranianos, conseqüente à eburnação (transformação sofrida por um osso que se apresenta mais duro e compacto, de superfície brilhante, assemelhando-se ao marfim).

MACRÓCITOS ou MEGALÓCITOS. Glóbulos vermelhos cujo tamanho é superior ao normal.

MACRODONTISMO. Desenvolvimento anromal de alguns dentes (principalmente dos incisivos).

MACRÓFAGOS. Ver Fagocitose.

MACROGENITOSSOMIA PRECOCE. Anomalia rara, própria da infância, que consiste em um desenvolvimento corpóreo e dos órgãos genitais anormal, provocada por disfunções endócrinas.

M. precoce suprarrenal: causada por tumores; as crianças atingidas crescem muito rapidamente e em poucos meses adquirem a estatura de um adolescente.

M. precoce pineal: originada por tumores ou atrofia da glândula pineal e provocando desenvolvimento somático e genital anormais.

MACROGLOSSIA. Malformação que consiste em desenvolvimento anormal da língua e que freqüentemente está associada a uma anomalia análoga à do lábio. É observada nas disfunções endócrinas, congênitas ou adquiridas (cretinismo, acromegalia).

MACROPSIA ou MEGALOPSIA. Alteração visual que consiste na percepção aumentada de objetos. Observa-se nos defeitos de acomodação, na miopia, em algumas moléstias nervosas (epilepsia, histerismo).

MACROQUILIA. Espessamento dos lábios.

MACROSSOMIA. Desenvolvimento corpóreo anormal. Ver Gigantismo.

MÁCULA. Zona circunscrita da epiderme que apresenta modificação da coloração normal.

M. por hiperemia ativa (determinada por maior afluxo de sangue arterial): tem coloração vermelha mais ou menos intensa; é denominada miliar quando suas dimensões se aproximam das de um grão de milho; roséola quando são semelhantes a uma lentilha; eritema, quando de tamanho maior.

A m. por hiperemia ativa pode ser provocada por causas de natureza exógena (frio e radiações solares ou artificiais, substâncias químicas irritantes) ou endógena (moléstias toxi-infecciosas).

M. por hiperemia passiva (determinada por maior afluxo de sangue venoso): tem coloração vermelha escura e é originada por fatores mecânicos (compressão da parede venosa) ou tóxicos.

M. hemorrágica: é provocada por ruptura dos capilares após episódios traumáticos ou toxi-infecciosos. Quando muito pequena, este tipo de m. recebe o nome de stimmata; quando semelhante a uma lentilha é chamada petéquia; se de dimensões maiores denomina-se equimose e sufusão.

M. hipercrômica e hipocrômica (por aumento ou redução do pigmento): a m. hipercrômica, mais escura do que a pele, forma-se após queimaduras, na gravidez (cloasma gravídico) ou em seguida a irritações exógenas ou intoxicações endógenas. A m. hipocrômica, de cor mais pálida do que a da pele, pode ser encontrada nos casos de albinismo parcial, de vitiligo, de lepra.

M. por pigmentação anormal: é devida à ação de substâncias (fumo, pó de carvão) as quais, penetrando na pele, modificam a cor da epiderme. Também a icterícia provoca alterações do pigmento cutâneo.

M. de Koplick: pequenas máculas esbranquiçadas que aparecem na mucosa das bochechas no período inicial do sarampo.

M. lútea: formação de cor amarelada na retina.

M. de coloração vinhosa: manchas de cor vermelha, geralmente de natureza congênita (ver Angioma).

MADAROSE. Fenômeno patológico que consiste na queda dos cílios, em seguida a processos inflamatórios.

MAGREZA. Estado constitucional caracterizado por escasso desenvolvimento do panículo adiposo subcutâneo. Os indivíduos têm peso corpóreo abaixo do normal e revelam na superfície da pele, com nitidez, as saliências e as reentrâncias do seu esqueleto. Ao contrário do emagrecimento (ver) a magreza faz parte da constituição própria normal do indivíduo sendo perfeitamente compatível com a vida.

MALACIA. Amolecimento de tecidos que se verifica por alterações químicas das células ou por necrose do próprio tecido. Entre as formas mais graves destacam-se a do cérebro (ver Encefalomalacia) e a do coração (ver Infarto do miocárdio). O termo m. indica também o desejo de ingerir alimentos extravagantes.

MALÁRIA ou MALEITA ou IMPALUDISMO. Moléstia aguda ou crônica caracterizada por febre, anemia, esplenomegalia e muitas vezes por complicações graves e mesmo fatais. É provocada pela presença, no organismo, de protozoários do gênero Plasmodium, sendo patogênicas para o homem quatro espécies: P. vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. A malária é a mais disseminada das moléstias infecciosas e provoca um alto índice de mortalidade; nenhuma moléstia a ela se compara na distribuição geográfica, no comprometimento da saúde das populações e na importância econômica. É conhecida e descrita desde tempos remotos. A malária apesar dos grandes avanços atuais, ainda constitui grave problema sanitário em muitas regiões do globo. O plasmódio multiplica-se no sangue humano, sendo transmitido ao homem por diversas espécies de anofelinos (Anopheles claviger, A. darlingi, A. albicarcis). Os principais vetores da malária, no Estado de São Paulo, são o A. darlingi, transmissor no planalto e o A. aquasalis, no litoral. Os mosquitos infectam-se sugando o sangue de um portador da doença (maleitoso), ingerindo também formas evolutivas dos plasmódios denominados gametas. No estômago do inseto ocorre a fecundação desses gametas, constituindo o ovo ou zigoto, do qual resultam os esporozoítos que penetram nas glândulas salivares do mosquito. Quando este picar uma pessoa sadia, inoculará os esporozoítos provocando a moléstia. Estes esporozoítos inoculados penetram nas células do sistema reticuloendotelial (S.R.E) e aí permanecem durante 5 a 15 dias (período de incubação da moléstia). A fase no S.R.E. é denominada ciclo exoeritrocitário; este ciclo é também responsável pelas recaídas da moléstia. Depois, os esporozoítos invadem os glóbulos vermelhos (fase eritrocitária), transformam-se em esquizontes, que se fragmentam constituindo os merozoítos. Rompendo os glóbulos vermelhos, os merozoítos vão invadir novos glóbulos. A febre da malária coincide com a fase de reprodução do parasita. Uma parte dos merozoítos transforma-se em gametas que, quando sugados por mosquitos, vão infectá-los, tornando-os vetores da moléstia. Somente as fêmeas dos mosquitos picam o homem, pois necessitam de sangue para realizar a postura de seus ovos. Após o período de incubação no homem, a infecção revela-se por estado febril e leves distúrbios gástricos, caracterizando a fase denominada de invasão. Depois de um período mais ou menos longo, surgem os acessos de febre, intermitentes, de periodicidade variável e que correspondem à multiplicação dos parasitos no sangue. A intermitência ou periodicidade dos acessos febris é que constitui a característica principal da malária. Nos casos típicos, a periodicidade dos acessos febris varia conforme a espécie do plasmódio. Assim, o P. vivax determina a febre terçã benigna; o P. malariae, a febre quartã e o P. falciparum, a febre terçã maligna.

Febre terça benigna: os acessos febris surgem de dois em dois dias, isto é, cada 48 horas. A crise dura 6 a 7 horas (às vezes 10 a 15 horas), com três fases mais ou menos nítidas (de calafrio, de calor e de suor).

Febre quartã: há um acesso febril no primeiro dia e outro no quarto, com dois dias sem febre; os acessos são geralmente de curta duração (4 a 5 horas). São bem nítidas as fases de calafrio, calor e suor. É mais rara e mais benigna que a terçã, porém muito mais persistente. Os acessos manifestam-se mais ou menos na mesma hora. As recidivas são freqüentes.

Febre terçã maligna: os acesso febris surgem de dois em dois dias com duração de 16 a 30 horas. A temperatura eleva-se menos rapidamente do que nas febres terçã benigna e quartã, faltando o calafrio. A terça maligna é uma forma grave que pode ser letal quando o tratamento apropriado não for instituído a tempo. A infestação sangüínea é sempre intensa. A m. aguda provoca anemia pela destruição de glóbulos vermelhos; depois de alguns acessos, os doentes apresentam a pele e a mucosa descoradas. É também característica da m. a esplenomegalia; o baço torna-se cada vez mais volumoso e, às vezes, chega a atingir a fossa ilíaca direita. Também ocorre hepatomegalia com icterícia. A m. pode desaparecer espontaneamente ou por efeito de uma terapêutica bem conduzida. Porém, quando o tratamento não é completo, há período de latência mais ou menos longo, sem acessos febris, após o qual, em muitos casos, surgem recidivas com novos acesso febris. O retorno dos acessos pode ser também provocado por resfriados, infecções agudas, excessos alcoólicos, variações de clima, etc. Algumas vezes, as recidivas ocorrem após anos sem acessos febris. Em todos esses casos, existem manifestações viscerais que constituem a m. crônica: palidez muito acentuada com leve icterícia, edema generalizado, ascite, apatia, fadiga pronunciada, dispnéia, diarréia, sinais de insuficiência cardiovascular. O grau extremo é a caquexia, com grande predisposição para doenças intercorrentes: pneumonias, erisipelas e outras infecções agudas.

MALEITA. Ver Malária.

MALEITOSO. Doente de maleita.

MAL GÁLICO. Sífilis.

MALIGNO. Termo que indica um processo mórbido de evolução grave e mau prognóstico.

MATRIZ UNGUEAL. Raiz da unha que garante a sua formação.

MAMAS. Órgãos característicos dos mamíferos, destinadas à secreção do leite nas fêmeas e atrofiados nos machos. Na mulher, estão situadas entre o 3º e o 6º espaço intercostal. São constituas pelas glândulas mamárias, por tecido conectivo e por tecido gorduroso. Atingem o seu maior desenvolvimento na última fase da gravidez e durante a amamentação. Na parte central de cada glândula nota-se uma zona circular pigmentada - auréola mamária - no centro da qual se eleva uma saliência - mamilo - onde desembocam os ductos galactóforos que conduzem para o exterior a secreção glandular. A glândula mamária tem constituição lobular; cada um dos lobos, separado dos outros por tecido conjuntivo, é formado por grande número de lóbulos, os quais, por sua vez, são constituídos por um conjunto de ácinos glandulares; as células epiteliais que revestem a superfície de tais formações acinosas, secretam o leite por influência de atividade hormonal específica. O produto elaborado, isto é, o leite, conflui para os túbulos lobulares os quais, por sua vez, continuam-se nos condutos ou ductos galactóforos, atingindo o mamilo. Somente pouco depois do parto, é que se inicia a verdadeira atividade excretora das glândulas mamárias, por influência de hormônios luteóides ou progestinas (elaborados pelo corpo amarelo do ovário e pela placenta, que estimulam o sistema lóbulo-alveolar das glândulas mamárias) e pelo hormônio luteotrófico ou prolactina ou hormônio mamogênico (elaborado pela adenohipófise que provoca a secreção Láctea em mama previamente preparada para exercer essa função). Desse modo, os estrógenos promovem o crescimento dos ductos da glândula mamária, a progesterona induz o desenvolvimento dos alvéolos, preparando essas estruturas para a atividade secretora excitada pelo hormônio luteotrófico da hipófise. Embora os hormônio ovarianos sejam indispensáveis para o crescimento da mama, não exercem a sua ação de modo direto, mas indiretamente, pela mediação do lobo anterior da hipófise que parece secretar produtos específicos - mamógenos - que provocariam o crescimento da mama.

Depois do parto, durante dois ou três dias, a mama produz um líquido amarelado e viscoso denominado colostro, em quantidades pequenas e pobre em calorias, muito rico em proteínas e pobre em lipídeos e glicídeos. Por essa razão, nos primeiros dias, o recém-nascido perde peso, recuperando-o quando o colostro é substituído pelo leite que é mais pobre em proteínas, porém mais rico em glicídeos e em lipídeos.

Durante a amamentação, as glândulas mamárias aumentam de volume não só pela proliferação dos ácinos, como também pelo acúmulo de leite. No período de lactação, pode ocorrer inflamação da mama com eventual formação de abscesso mamário, exigindo intervenção cirúrgica.

Quando as mamas são exageradamente desenvolvidas na puberdade, fala-se em megalomastia, geralmente bilateral, provocada por excesso de estrógenos. Quando é unilateral, pode ser provocada por inflamação, tumores, etc., e é denominada pseudo-megalomastia.

No hipogonadismo ocorre escasso desenvolvimento das mamas e nas moléstias crônicas, no emagrecimento, etc., uma atrofia. A mama dolorosa constitui a mastodinia que pode ser de caráter constitucional ou manifestar-se na síndrome pré-menstrual e na gravidez; em certos casos, a dor é provocada por inflamações, abscessos, processos mórbidos de estruturas próximas.

A adenose é um processo hiperplástico difuso que se desenvolve nas mamas pouco desenvolvidas, sendo verificada entre 35 e 45 anos de idade.

Os cistos mamários (ou doença cística da mama) aparecem entre 40 e 45 anos de idade. Quando único, o cisto é de volume variável, podendo atingir até o tamanho de uma laranja; contêm líquido seroso ou turvo. Quando múltiplos, atingem cerca de um centímetro de diâmetro.

A mastodinia, a adenose e a doença cística da mama estão ligadas à disfunção ovariana, embora não se conheça a natureza da alteração endócrina.

Tumores da mama: as mamas constituem terreno favorável para o desenvolvimento de tumores que incidem na mulher. Entre os tumores de caráter benigno estão os fibromas e o fibroadenoma. Este é um tumor que se desenvolve entre os 18 e os 25 anos de idade, apresentando-se como um nódulo móvel à palpação. São mais freqüentes nos quadrantes superiores internos e externos das mamas. Em certos casos, é múltiplo e raramente difuso. Não é propriamente uma neoplasia, pois é determinado por estímulo estrogênico durante a adolescência e a gravidez.

Os tumores malignos dividem-se em sarcomas e carcinomas (adenocarcinomas). Os primeiros mais raros que os últimos, revelam-se inicialmente sob a forma de pequeno nódulo redondo e indolor o qual evoluindo, pode atingir toda a mama. Incide mais entre os 30 e 40 anos de idade. Os carcinomas são duros e fibrosos, instalam-se lentamente e incidem na maturidade da mulher. A sintomatologia varia de acordo com o estado evolutivo da doença. Na fase inicial, o tumor não provoca distúrbios e casualmente a doente pode perceber pela palpação a presença de pequena massa na mama. A seguir, o quadro clínico manifesta-se por aumento de volume dos linfonodos axilares, depauperamento orgânico progressivo, formação de metástases com invasão de órgãos à distância. O prognóstico é tanto mais grave quanto mais avançada for a evolução da doença.

MAMILO. Protuberância central da mama. Não possui função no homem. Na mulher é indispensável para a amamentação do recém-nascido. O leite, sob aspiração que o latente exerce durante a sucção, sai dos canais galactóforos, que se abrem através de pequeníssimos orifícios no ápice do mamilo.

MANDÍBULA. Osso maxilar inferior ímpar, mediano e simétrico, cuja forma lembra uma ferradura. Ver Maxilares.

MANÍACO (Síndrome). Ver Humor.

MANÍACO-DEPRESSIVA (Psicose). Ver Humor.

MANÚBRIO. Parte superior do esterno. Ver Esterno.

MÃO. Segmento terminal do membro superior. O esqueleto da mão é constituído pelo carpo, pelo metacarpo e pelas falanges. O carpo compreende oito ossos curtos, dispostos em duas fileiras; a proximal é formada pelo escafóide, semilunar, piramidal e pisiforme, e a distal, pelo trapézio, trapezóide, capitato e unciforme. O metacarpo, localizado na porção média da mão, é o conjunto de cinco ossos longos, os metacarpianos. As falanges constituem o esqueleto dos dedos, sendo que o polegar tem duas e os demais - indicador, médio, anular e mínimo - têm três. Entre as malformações congênitas destacam-se a hiperdactilia, a hipodactilia e a hiperfalangia. Entre as modificações patológicas: a mão em garra, própria da paralisia do nervo ulnar; a mão de obstetra, contração da mão no tétano; a mão de macaco, revelando atrofia dos músculos da eminência tênar; a mão caída, anomalia provocada por lesões dos nervos radiais.

MARASMO. Termo que indica depauperamento orgânico intensíssimo.

MARCHA. Ver Deambulação.

MARCONITERAPIA. Método fisioterápico que consiste na utilização de ondas curtas e ultracurtas para o tratamento de processos inflamatórios, osteopatias, nevralgias e outras afecções.

MASOQUISMO. Psicopatia sexual em que o indivíduo anormal, para sentir prazer erótico, necessita sofrer violências físicas (como, pó exemplo, ser açoitado) ou morais.

MASSAGEM. Método fisioterápico que consiste em praticar movimentos sobre a superfície corpórea com as mãos ou com aparelhos apropriados. A m. estimula as células nervosas cutâneas, ativa a circulação sangüínea e linfática, aumenta a tonicidade muscular. Os movimentos mais importantes na m. são: fricção, percussão, empastamento e vibração.

Fricção: manobra realizada com pressão exercida pela palma da mão de modo a provocar estiramento dos planos superficiais.

Percussão: obtida com pequenos golpes que provocam excitação da sensibilidade cutânea e fenômenos vasodilatadores.

Empastamento: consiste em levantar a massa de tecidos superficiais, fixando-a com os dedos e, posteriormente, largando-a.

Vibração: praticada à custa de movimentos vibratórios constantes.

MASSETER. Músculo mastigador, situado entre o ângulo da mandíbula e a arcada zigomática.

MASTIGAÇÃO. Primeira fase da digestão na qual os alimentos sólidos são triturados com os dentes, antes de serem deglutidos. A m. é realizada pela contração voluntária dos músculos mastigadores que elevam e abaixam a mandíbula no sentido de obter contato entre as arcadas dentárias.

MASTITE. Processo inflamatório agudo ou crônico das mamas. O processo é mais freqüente no puerpério, especialmente durante a amamentação. Ver Mamas.

MASTODINIA. Ver Mamas.

MASTÓIDE (ou Apófise Mastóide). Eminência óssea situada atrás do pavilhão auricular com a qual termina o osso temporal.

MASTOIDITE. Processo inflamatório agudo ou crônico da mastóide, que, na maior parte das vezes, representa uma complicação da otite. A afecção manifesta-se por dor e vermelhidão da região retroauricular, acompanhadas de insônia, cefaléia, febre e dificuldades de movimentação do pescoço.

MASTOPEXIA. Intervenção cirúrgica que consiste na fixação das mamas em um ponto mais elevado do tórax.

MASTURBAÇÃO (ou Onanismo). Excitação dos órgãos sexuais e obtenção do orgasmo por meio de atrito praticado com as mãos.

MAXILARES. Ossos da face formados pelo maxilar superior e a mandíbula (ou maxilar inferior).

M. superior: osso par de forma quadrangular que toma parte na formação do palato, das fossas nasais, de cavidade orbitária, das fossas zigomáticas e pterigomaxilar.

Mandíbula (ou maxilar inferior): osso ímpar, constituído por uma porção central horizontal (corpo) em forma de ferradura e duas porções laterais verticais. No corpo estão presentes os alvéolos dentários.

MECANOTERAPIA. Recurso utilizado em ortopedia para se obter, por meios mecânicos com aparelhos especiais, a reativação de movimentos, principalmente após longas imobilizações.

MECÔNIO. Líquido escuro que é expulso por via retal pelo recém-nascido nos primeiros três dias de vida. É constituído por bílis e por células de descamação do tubo digestivo.

MEDIANO (Nervo). Nervo misto (de função sensitiva e motora) do plexo braquial que, da axila, se estende ao longo do braço, antebraço e dedos.

MEDIASTINITE. Processo inflamatório agudo ou crônico do tecido conectivo do mediastino.

M. aguda: pode surgir tanto por traumatismos, como por propagação de agentes infecciosos provenientes de focos internos próximos ou distantes. A doença manifesta-se com febre elevada, sudorese, dores intratorácicas, turgidez na região do pescoço. A forma mais grave é a flegmonosa difusa, geralmente fatal.

M. crônica: instala-se após a m. aguda ou é provocada pela sífilis ou pela tuberculose.

MEDIASTINO. Espaço mediano da cavidade torácica, compreendido entre os dois pulmões; estende-se para frente até a superfície posterior do esterno; atrás, até a coluna vertebral; embaixo, até o diafragma; em cima, até a raiz do pescoço.

MEDICAÇÃO EM PSIQUIATRIA ou PSICOFARMACOLOGIA. Determinadas drogas - denominadas psicotrópicas - são capazes de agir alterando o psiquismo de indivíduos normais ou doentes. Assim, algumas provocam euforia e bem-estar, afastam o sono, mantêm as pessoas despertas durante longo tempo, sem sentir fadiga. Outras, ao contrário, tranqüilizam, determinam um estado de indiferença, induzem o sono. Há ainda as que libertam os controles psíquicos e, como conseqüência, determinam alucinações e despersonalização. O estudo sistemático de drogas capazes de agir primariamente sobre o psiquismo é relativamente recente e teve início com a cloropromazina. Inúmeras pesquisas vêm sendo desenvolvidas para se obter novos medicamentos capazes de agir sobre o psiquismo, tanto com a finalidade de tranqüilizar como de aumentar o tono psíquico. O interesse despertado por tais medicamentos tem sido muito grande, não só porque a peculiaridade da ação das drogas permite obter grandes progressos no conhecimento da fisiologia nervosa, como também porque têm enorme aplicabilidade clínica em psiquiatria. A medicação em psiquiatria constitui a psicofarmacologia que se ocupa das drogas que agem efetivamente no psiquismo, tanto no sentido de controlar estados mórbidos, como no de provocar alterações em indivíduos normais. O interesse por tais medicamentos está relacionado com a obtenção de tranqüilidade em doentes excitados e com o estímulo em estados depressivos.

As ações dos psicotrópicos no sistema nervoso central são diferentes, variando conforme as drogas usadas; tendo em conta as suas principais ações, são classificadas em três tipos: psicolépticos (diminuem a atividade mental, sendo dotadas de ação sedativa), psicoanalépticos (estimulam a atividade mental) e psicodislépticos (desencadeiam desvios da atividade mental).

Psicolépticos ou tranqüilizantes: induzem a tranquilização e a sedação, combatendo a tensão emocional e afastando os estados de angústia. É conveniente frisar que os tranqüilizantes ou psicolépticos, em doses normais, apenas provocam sedação do psiquismo e, por essa razão, devem ser distinguidos de outras drogas que agem deprimindo globalmente o sistema nervoso central. Assim, o álcool etílico leva à embriagues que é seguida de sono profundo por perda da consciência, bem diferente da tranquilizaçãp; os entorpecentes são usados para combater dores muito intensas, diminuindo a capacidade de percepção da dor por parte do sistema nervoso e os doentes deixam de senti-la, o que também é diverso de tranquilização psíquica. Os hipnóticos provocam sono e, embora isso não deixe de ser uma tranquilização, as pessoas que recebem esses medicamentos não podem exercer normalmente os seus trabalhos diários. Os psicolépticos, ao contrário, agem atuando predominantemente sobre a substância reticular, tálamo e hipotálamo, induzindo sedação e indiferença psíquica e, somente em doses elevadas, podem provocar depressão do córtex cerebral. Os psicolépticos são sbdivididos em neurolépticos ou tranqüilizantes maiores e ataráxicos ou tranqüilizantes menores. Os neurolépticos (cloropromazina; levopromazina; fluofenazina; derivados da Rawolfia e outras) provocam: indiferença, sem ação hipnótica; diminuição da iniciativa da afetividade e da emotividade; inibem os estados de agitação, ansiedade e agressividade; controlam gradativamente os estados psicóticos agudos e crônicos. Os ataráxicos (meprobamato, mefenesina, clorodiazepóxido, diazepan e outros), são sedativos desprovidos de ação hipnógena e sem ação antipsicótica, sendo utilizados, pelos seus efeitos calmantes e miorrelaxantes, na sedação e na tensão psíquica, para aliviar pensamentos obsessivos, comportamentos impulsivos, na ansiedade aguda e em outras manifestações.

Psicoanalépticos ou antidepressivos: estimulam a atividade mental, determinando melhora do humor deprimido e sensação de bem-estar ou suprimindo inibições. Os psicotrópicos que agem como antidepressivos e estimulam principalmente o humor, são denominados timolépticos (imipramina; amitriptilina) e os que agem principalmente como desinibitivos, denominam-se timoréticos (inibidores da mono-amino-oxidase). Existem outras substâncias mais poderosas na capacidade de estimular o psiquismo; são os estimulantes da vigília, que abolem o sono e o apetite, denominados psicotônicos ou simplesmente estimulantes. Destacam-se algumas aminas simpatomiméticas psicotônicas, servindo de exemplo a anfetamina, a dextroanfetamina, a desoxiefedrina, a fenmetrazina e outras, vulgarmente denominadas bolinhas (quando apresentadas sob a forma de comprimidos) ou picadas (quando em ampolas para injeção). Os efeitos dessas drogas não são homogêneos e variam de acordo com as pessoas e com as substâncias. De modo geral, elas suprimem a fadiga (donde o empreso ilegal no dopping de cavalo de corrida e de esportistas) e o sono; aumentam a atividade intelectual, provocam agitação e um certo grau de confusão mental. As pessoas que recebem tais drogas são facilmente irritáveis, apresentam tremores das extremidades, pulso mais rápido, inquietação, desmaios, inapetência (donde o seu uso como coadjuvante no tratamento da obesidade). Em doses relativamente elevadas, provocam convulsões e, em doses maiores, podem matar. o uso abusivo dessas drogas traz conseqüências graves especialmente para estudantes que se iludem em vésperas de exames com a possibilidade de maior capacidade intelectual, no sentido de aprendizado e de memorização e de se beneficiarem com maior número horas de estudo. Estes estimulantes psicotônicos levam ao hábito de usa-los e, nos viciados, para manifestarem as suas ações de euforia e para manifestarem as suas ações de euforia e bem-estar, devem ser administradas doses cada vez mais elevadas, o que acaba provocando gravíssimas intoxicações. Porém, a conseqüência mais grave é a decadência moral que o uso indiscriminado provoca, principalmente nos adolescentes, conduzindo à delinqüência.

Psicodislépticos: são substâncias que provocam psicoses experimentais e tem a capacidade de produzir em pessoas normais, com facilidade e constância, alucinação ou despersonalização, com alterações do comportamento. As que determinam alucinações e desvios do comportamento são denominadas alucinógenas. Constitui exemplo a mescalina, alcalóide contido no peyotl (cacto do México), que provoca alucinações visuais, com visualização de cores muito vivas e formas geométricas variáveis, assumindo aspecto de animais ou de pessoas, geralmente com forte componente sexual. O outro alucinógeno é a psilocibina, extraída de cogumelo do gênero Psicociba que determina alucinações com forte sensação de picadas, de frio com tremores, alegria intensa acompanhada de gracejos em voz alta, perda da noção de tempo, visão dupla e de cores fulgurantes. Os psicodislépticos de provocam alterações do comportamento e, muitas vezes, alucinações sensoriais, formam o grupo dos despersonalizantes.

A droga padrão do grupo é o LSD 25 ou dietilamina do ácido lisérgico, droga dotada de elevadíssima potência; na dose de 0,5 a 2 microgramas por quilograma de peso corporal, provoca perda do autocontrole, alterações da afetividade, alucinações, despersonalização. A ação manifesta-se 30 a 90 minutos após a ingestão e perdura de 5 a 12 horas. As alucinações, as alterações do comportamento e o delírio variam bastante, de acordo com a personalidade. Pode criar estados psicóticos, sendo também capaz de determinar ataxia e paralisia espática. Produz os denominados “modelos de psicose”. O ácido lisérgico pode provocar loucura irreversível ou levar ao suicídio.

MEDICAMENTO. É a droga, ou a preparação efetuada com drogas, que, atuando no organismo, provoca efeitos benéficos ou úteis.

M. oficial: é o inscrito em farmacopéia de determinado país.

M. oficinal: medicamento preparado em laboratório farmacêutico, esteja ou não inscrito na farmacopéia do país, de acordo com as normas e doses estabelecidas em outras farmacopéias ou formulários.

M. magistral: é o prescrito e preparado para cada caso, com indicação de composição qualitativa e quantitativa, da forma farmacêutica, assim como do modo de administração.

Especialidade farmacêutica ou medicinal: medicamento de fórmula declarada, de ação terapêutica comprovada, acondicionado uniformemente e distinguido por meio de um nome convencional, sendo o seu consumo condicionado e autorização oficial prévia.

MEDICINA (História da). A m. é a ciência que se ocupa da preservação da saúde do homem e da cura das doenças.

A medicina dos povos mais antigos:

O problema da doença e da sua cura já era sentido pelos povos primitivos: em grutas foram encontradas planta se sementes medicinais assim como instrumentais cirúrgicos rudimentares. Assim como faziam para explicar os fenômenos naturais, os homens primitivos também recorriam ao sobrenatural para explicar a causa e a resolução dos processos mórbidos; o poder de curar era confiado à divindade e, por essa razão, os primeiros “médicos” não foram senão feiticeiros. Entre as comunidades primitivas, destacaram-se na ciência médica os assírios e os babilônios. O rei Hammurabi, no ano 1900 a.C. codificou uma série de leis que regulavam a profissão médica. Arqueólogos encontraram instrumentos cirúrgicos e elencos de plantas medicinais. Os hindus foram os precursores da cirurgia plástica; cirurgiões destacaram-se em reconstruir narizes mutilados (os assassinos eram submetidos à excisão do nariz). Os chineses ocuparam-se da anestesia administrando doses adequadas de ópio, introduziram o uso de plantas medicinais cujas virtudes terapêuticas ainda são válidas, tentaram a vacinação antivariólica, insuflando pós de crostas de varíola e praticaram a acupuntura (ver). Os egípcios, além da habilidade na conservação de cadáveres, idealizaram métodos para a imobilização de membros fraturados e tentaram impedir a difusão de moléstias infecciosas por meio de medidas higiênicas.

A medicina dos gregos:

A medicina teve um notável desenvolvimento na Grécia antiga. Hipócrates instituiu um método baseado na observação direta do doente e dos fenômenos mórbidos. Alguns sintomas têm, ainda hoje, o nome desse notabilíssimo médico, por terem sido descritos por ele.

A medicina dos romanos:

A medicina dos romanos é dominada pela figura de Galeno, o qual escreveu numerosas obras científicas que influenciaram toda a cultura médica medieval. Efetuou estudos aprofundados sobre plantas medicinais e, no terreno da anatomia, descreveu com exatidão muitos órgãos e suas respectivas funções.

A medicina dos árabes:

Os árabes exerceram a ciência médica segundo as diretrizes de Galeno, introduziram na terapêutica novas drogas medicinais e fundaram escolas de medicina.

A escola salernitana:

Destacou-se no século IX em Salerno e acolheu discípulos provenientes de toda a Europa. O “Regimen Sanitatis”, a maior obra científica da escola salernitana, foi traduzido para inúmeras línguas.

A medicina do renascimento:

A medicina do renascimento teve um notável impulso. Em Bolonha, em 1300, foi fundada uma escola de anatomia; Leonardo da Vinci efetuou estudos no corpo humano, testemunhando o espírito indagador da época na qual ele viveu.

A invenção da imprensa favoreceu a difusão de muitos tratados de medicina, escritos por grandes figuras: Fallopio, Eustachio, Ingrassia, Aranzi, Varolio, Botallo, etc.

A medicina no Brasil colonial:

Segundo se crê, o primeiro médico a exercer a profissão no Brasil foi Mestre João, bacharel em artes e Medicina, cirurgião d’El-Rei, astrônomo da frota de Pedro Álvares Cabral. Em 1543 foi fundado por Brás Cubas o primeiro hospital - a Santa Casa de Santos. Nessa mesma época, ou mesmo antes, em 1530, segundo parece, em Olinda era instalado o hospital da Irmandade de Misericórdia. Em 1565 destacou-se o cirurgião Ambrósio Fernandes, da expedição de Estácio de Sá que combateu contra os franceses no Rio de Janeiro. No século XVII, foram figuras proeminentes os médicos Guilherme Piso, Simão Pinheiro Mourão e João Ferreira da Rosa.

A medicina no século XVII:

A medicina encaminha-se para a pesquisa científica, nascem a medicina microscópica, os estudos fisiológicos, a pesquisa química.

A medicina no século XIX:

Ocorrem duas grandes descobertas: a dos organismos microscópicos responsáveis por algumas moléstias infecciosas e a da vacinoterapia. Em seguida, procede-se à medicação antisséptica de ferimentos e é descoberta a narcose clorofórmica.

A medicina do século XX:

É deste século a descoberta das vitaminas, dos hormônios, dos agentes mórbidos de diversas moléstias infecciosas, dos antibióticos. Atualmente, os meios de pesquisa propiciados pelas ciências médicas tornaram possível a profilaxia maciça de moléstias infecciosas e um aperfeiçoamento cada vez maior de técnicas cirúrgicas.

MEDULA ESPINHAL. Parte do sistema nervoso central que constitui o prolongamento caudal do encéfalo; tem forma cilíndrica, mede cerca de 44 centímetros e estende-se desde o forame magno do osso occipital até o nível da 1ª ou da 2ª vértebra lombar, onde, reduzida de volume, apresenta o cone medular, cujo ápice (filamento terminal) se estende até a face posterior do cóccix. A m.e. ocupa o canal vertebral e é envolvida pelas meninges. É constituída de substância cinzenta, no interior, envolvida por substância branca. Da substância cinzenta têm origem 33 pares de nervos espinhais. A m.e. é dividida em cinco regiões topográficas: cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea, as quais correspondem à origem dos nervos espinhais: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 3 coccígeos. Cada nervo tem uma raiz anterior motora e uma posterior sensitiva.

MEDULA ÓSSEA. Substância mole que se encontra em todas as cavidades ósseas, especialmente dos ossos longos. É formada por tecido reticuloendotelial, constituído por diversos tipos de células. A m. o. apresenta três variedades: a m. vermelha, a m. amarela e a m. gelatinosa. A m. vermelha constitui a medula funcionante, sendo encontrada em todos os ossos dos recém-nascidos; com o progredir dos anos, vai se transformando em tecido gorduroso comum, apresentando cor amarela. A m. gelatinosa é encontrada na desnutrição ou nas moléstias consumptivas graves, como tuberculose, câncer ou doenças dos órgãos formadores de sangue. A m.o. produz glóbulos vermelhos, plaquetas e alguns tipos de glóbulos brancos.

MEGACÓLON. Dilatação do cólon ou de um segmento, que pode ser congênita ou adquirida. Neste último caso, a dilatação depende de obstrução ou de compressão das paredes do órgão. Clinicamente é caracterizada por prisão de ventre, meteorismo intestinal, sensação de tensão abdominal. As complicações mais freqüentes são representadas por colite e, nos casos graves, por peritonite e oclusão intestinal.

MEGALOMASTIA ou MEGALOMAMIA. Ver Mamas.

MEGALOPSIA. Ver Macropsia.

MEIO-ANTÍGENO. Ver Haptenos.

MEIOPRAGIA. Termo que indica redução da atividade funcional de um órgão.

MELANCOLIA (ou Síndrome Melancólica). Ver Humor.

MELANINA. Pigmento escuro presente na epiderme, na coróide, na retina, na íris, nos pêlos. A falta congênita de melanina determina o albinismo; quando escassa dá lugar a leucodermia.

MELANOBLASTOMA. Sinônimo de melanoma maligno.

MELANODERMIA. Pigmentação escura que se verifica em determinados estados patológicos, como, por exemplo, na moléstia de Addison.

MELANOMA. Neoplasia de evolução benigna ou maligna, formada por células contendo melanina.

MELANOSSARCOMA. Sinônimo de melanoma maligno.

MELENA. Expulsão de matéria fecal de cor escura, pela presença de sangue que sofreu transformação por parte de sucos digestivos (isto significa que o sangue é proveniente do esôfago, do estômago e dos primeiros segmentos intestinais). A m. é geralmente um sintoma de úlcera gástrica ou duodenal ou de câncer no estômago.

MELITENSE (febre). Ver Febre de Malta.

MEMBRANA. Lâmina muito inervada, rica em vasos, que envolve alguns órgãos ou separa algumas cavidades, ou ainda, é destinada a produzir determinadas secreções. Recebe também o nome de m. o revestimento externo das células (m. celular).

MEMBROS. São apêndices articulados que se ligam ao tronco. No corpo humano temos dois membros superiores e dois membros inferiores.

MENARCA. Ver Menstruação.

MENIÈRE (Síndrome de). Ver Vertigem.

MENINA DOS OLHOS. Pupila.

MENINGES. São três membranas: dura-mater (ou paquimeninge), aracnóide e pia-mater (estas constituindo a leptomeninge) que envolvem e protegem o encéfalo e a medula espinhal.

MENINGIOMA. Tumor que se desenvolve na dura-mater cerebral e mais raramente na dura-mater medular.

MENINGITE. A m. é a inflamação das meninges, isto é, das três membranas que envolvem os órgãos do sistema nervoso central. Quando são afetadas a paquimeninge (ou dura-mater) ou a leptomeninge (pia-mater e aracnóide), fala-se em paquimeningite e leptomeningite, respectivamente.

Os sintomas da m. podem ser gerais, observados em quaisquer processos inflamatórios, como febre, mal-estar intenso ou então, próprios, provocados por alterações nervosas, como vômito, cefaléia intensa, convulsões, vertigem; além disso, a irritação das raízes nervosas obriga o doente a adotar posições especiais para não sentir dor. Os agentes etiológicos da m. são múltiplos: micróbios (meningococos, estafilococos, estreptococos, etc.), vírus da poliomielite, vírus da parotidite epidêmica, etc. Os microrganismos atingem as meninges por diversas vias: sangue, fraturas do crânio, ouvidos, mastóide, infecções da face.

M. bacteriana: surge bruscamente; são particularmente graves a forma tuberculosa e a que afeta a criança abaixo de dois anos de idade.

M. à vírus: seu aparecimento é, em geral, secundário a algumas doenças como a parotidite e a poliomielite. Os sintomas são mais atenuados em relação à forma bacteriana; além disso, a evolução é mais curta e, geralmente, benigna.

MENINGOENCEFALITE. Inflamação das meninges associada à do cérebro.

MENISCO. Fibrocartilagem de forma semilunar localizada nas superfícies articulares. Ver Joelho.

MENOPAUSA. Fase da vida sexual feminina caracterizada pela interrupção definitiva das menstruações, por exaustão da função ovariana. Ocorre, geralmente, entre 40 e 50 anos de idade, sendo acompanhada, quase sempre, de manifestações que fazem parte do quadro do climatério feminino; entre tais manifestações as mais evidentes são as que dizem respeito aos caracteres sexuais, ao sistema nervoso e ao aparelho cardiovascular. A m. pode ser provocada por intervenções cirúrgicas nos órgãos sexuais ou por tratamentos hormonais (m. artificial).

MENORRAGIA (ou Hipermenorréia). Aumento da quantidade fisiológica do fluxo menstrual: depende de fatores patológicos gerais (esforços físicos, hipertensão, hemofilia, moléstias metabólicas, emoções intensas) e locais (metrites, malformações uterinas).

MENSTRUAÇÃO. Fenômeno fisiológico cíclico que ocorre na mulher durante a fase fecunda, caracterizado por fluxos sangüíneos periódicos dos órgãos genitais. Surge por volta dos 13 anos de idade (a primeira menstruação denomina-se menarca) e se estende até a fase da menopausa (que ocorre entre 40 e 50 anos de idade). Normalmente, a menstruação surge cada 25 a 30 dias; durante a gravidez e, às vezes na amamentação, o fluxo desaparece.

Fisiologia da Menstruação: o fenômeno menstrual é precedido de uma série de modificações da mucosa uterina. A hipófise tem a função de regular a atividade ovariana, pois secreta as gonadoestimulinas que determinam o desenvolvimento do folículo. Este, por sua vez, elabora um hormônio, a foliculina, ou hormônio estrogênico, que induz modificações na mucosa uterina, a qual aumenta cada vez mais a sua espessura. Aproximadamente no 14º dia do início do ciclo menstrual, o folículo (folículo de Graaf) atinge a maturidade; a hipófise anterior produz uma grande quantidade de hormônio foliculoestimulante e de hormônio luteinizante, os quais provocam a ruptura do folículo maduro e conseqüente liberação do óvulo. O folículo transforma-se em corpo lúteo e produz a progesterona, hormônio capaz de modificar a mucosa uterina de modo que esta possa acolher o ovo fecundado. Se o óvulo não for fecundado, cessa a produção de hormônios ovarianos e inicia-se um processo caracterizado por atrofia do corpo lúteo e saída de sangue dos capilares que se derrama na cavidade uterina e sai para o exterior.ç Assim, surge a menstruação que perdura durante cerca de 4 dias.

Sintomatologia: no período menstrual, a mulher está sujeita a uma série de sintomas particulares. Antes da menstruação, as mamas podem tornar-se túrgidas e dolorosas, assim como, às vezes, o pescoço, por aumento de atividade da tireóide; surgem cefaléias frontais e, muitas vezes, acne. A mulher apresenta cansaço geral acompanhado de estado vertiginoso; na síndrome pré-menstrual, ocorrem manifestações de tensão psíquica, ansiedade, hiperexcitabilidade, nervosismo. É um sintoma característico a dor na região abdominal e lombar, de intensidade variável. Neste período, surge com facilidade a prisão de ventre. O sangue menstrual não coagula e, em condições fisiológicas, a quantidade emitida mensalmente varia entre 50 a 250 gramas.

Alterações e anomalias menstruais: ver Amenorréia (ausência de m.); Menorragia (aumento do fluxo menstrual); Polimenorréia (m. antecipada); Oligomenorréia (m. retardada); Dismenorréia (m. dolorosa).

MERINGITE. Processo inflamatório do tímpano.

MESENCÉFALO. Parte do encéfalo situada entre o diencéfalo em cima e a ponte e o cerebelo embaixo. O m. compreende os pedúnculos cerebrais e a lâmina tectal, da qual saem os colículos inferiores e superiores. O m. é percorrido longitudinalmente pelo aqueduto cerebral (ou de Sylvius). No m. localizam-se os núcleos de origem do terceiro e do quarto par de nervos cranianos, o núcleo mesencefálico do nervo trigêmeo e o núcleo rubro.

MESENTÉRIO. Prega do peritônio que fixa as alças intestinais na parede posterior do abdome.

METABOLISMO. Conjunto dos processos de trocas de substâncias e transformações de energia que têm lugar nos seres vivos. Compreende os fenômenos de assimilação (anabolismo) e os de desassimilação ou desintegração das substâncias c(catabolismo). O anabolismo permite a formação da substância própria e específica do organismo, à custa de outras substâncias que recebe; o catabolismo compreende os processos de transformação ou decomposição das substâncias dos tecidos em constituintes mais simples, destinados a serem eliminados. Denomina-se m. basal a quantidade de energia que o organismo consome em 24 horas, em condições de repouso absoluto e em jejum; o m. basal varia em função da idade, do sexo, do peso corpóreo individual.

Na velhice prevalecem os fenômenos catabólicos, determinando desequilíbrios que dão lugar à progressiva redução da atividade vital.

Os alimentos que entram no organismo sofrem uma série de transformações químicas, cindindo-os nos seus componentes essenciais, assimiláveis pela mucosa do tubo digestivo, os quais podem ser utilizados pelos tecidos ou armazenados como reservas. Os resíduos são eliminados pelos órgãos de excreção ou emunctórios: rim, intestino, pele, pulmão.

Esses fenômenos químicos são regulados por enzimas e por hormônio. A vida é mantida por trocas contínuas de substâncias e por constante transformação de energia. As substâncias e a energia chegam ao organismo através da alimentação, e desempenham uma triplica função: formam a massa específica ou substância própria do organismo; fornecem a energia necessária de que os seres vivos necessitam para desempenhar suas funções; propiciam a entrada de substâncias reguladoras do metabolismo, como vitaminas e outras.

METACARPO. Parte do esqueleto da mão, constituída por cinco ossos e situada entre o carpo e os dedos.

METÁSTASE. Termo que indica a disseminação de algum processo patológico.

METATARSO. Parte do esqueleto do pé, entre o tarso e os dedos.

METEORISMO INTESTINAL. Formação anormal de gases no intestino que se verifica nas enterites e em outras moléstias agudas.

METRITE. Processo inflamatório do útero. Distingue-se em: endometrite (ver) quando atinge a mucosa; miometrite, quando a inflamação invade a parede muscular; parametrite, quando a afecção se estende ao tecido celular periuterino. A m. é devida a fatores locais (infecção blenorrágica, infecção puerperal, escassos cuidados higiênicos) ou gerais (moléstias infecciosas crônicas). Manifesta-se com sensação dolorosa e de peso, às vezes, febre, corrimentos vaginais.

METROPATIA. Termo que indica qualquer afecção uterina.

METROPEXIA. Intervenção cirúrgica destinada a fixar útero ptosado.

METROPTOSE. Deslocamento do útero por relaxamento dos seus ligamentos de sustentação.

METRORRAGIA. Hemorragia uterina independente da atividade ovariana e, portanto, não relacionada com a menstruação. Tem várias causas: pode verificar-se após o parto, no abortamento, na gravidez extra-uterina, por tumores.

METRORREXIA. Ruptura da parede uterina que pode ocorrer com mais freqüência no aborto ou durante partos difíceis; trata-se de uma síndrome bastante grave porque provoca hemorragia muito abundante.

MIALGIA ou MIODINIA. Dor de origem muscular.

MIASTENIA GRAVE. Doença crônica e progressiva, que apresenta períodos de remissão e de exacerbação, afetando principalmente o sexo feminino. Caracteriza-se por debilidade muscular, principalmente do elevador das pálpebras e dos músculos da mímica; posteriormente, atinge outros grupos de músculos. Quando a zona interessada é a pálpebra, há redução da rima palpebral; se a miastenia grave se localiza nos músculos mímicos, manifesta-se a denominada “fácies miastênica”, ou seja, uma fisionomia sem expressões; quando os músculos do lábio, da língua ou da faringe são atingidos, a sintomatologia é caracterizada por distúrbios da deglutição e por dispnéia.

MICÇÃO. Emissão de urina da bexiga para o exterior. O estímulo da m., que é um ato reflexo, é provocado pela distensão da bexiga que se dilata progressivamente à medida que aumenta a urina na cavidade. A expulsão para o exterior é regulada pela contração do músculo detrusor e pelo concomitante relaxamento dos esfíncteres. No lactente, a m. é um ato inconsciente; no adulto é voluntário, exceto quando intervêm fatores patológicos, orgânicos ou funcionais.

MICETOMA. Dermatose que afeta principalmente os pés, provocada pela ação de micetos parasitários. A doença manifesta-se no início pelo aparecimento de pequenas massas endurecidas que, depois, ulceram-se, liberando um líquido purulento contendo grânulos formados pelo fungo parasita.

MICOSE. Termo genérico para indicar afecção provocada por fungos parasitas que afetam principalmente a epiderme.

MICRÓBIOS. Organismos unicelulares de dimensões microscópicas, pertencentes ao reino vegetal e animal. Entre os m. vegetais, sem clorofila, incluem-se as bactérias e os fungos; entre os m. animais, amebas, hematozoários, flagelados. Existe, ainda, uma categoria particular de micróbios: os vírus filtráveis, organismos de dimensões ultramicroscópicas; alguns cientistas pensam que sejam elementos inanimados, como as enzimas. Um grande número desses microrganismos é responsável por moléstias infecciosas.

MICROCEFALIA. Malformação congênita que consiste no desenvolvimento insuficiente do crânio, associada à diminuição da massa encefálica. A m. determina, geralmente, a idiotia.

MICRÓCITOS. Glóbulos vermelhos de dimensões inferiores ao normal, encontrados em algumas formas de anemia.

MICRODONTIA. Parada do desenvolvimento de um ou mais dentes.

MICRÓFAGOS. Ver Fagocitose.

MICROGLOSSIA. Língua de dimensões reduzidas, geralmente por causa de paralisia ou de esclerose lateral amiotrófica.

MICROGNATIA. Insuficiente desenvolvimento da mandíbula.

MICROMASTIA. Insuficiente desenvolvimento das mamas na mulher adulta.

MICROSCÓPIO. Aparelho destinado a examinar estruturas não visíveis a olho nu. O m. óptico comum pode dar até 1000 vezes de aumento. Para o exame mais detalhado ou minucioso de estruturas, existem: m. de campo escuro ou ultramicroscópio (para estruturas vivas que são transparentes ao m. óptico); m. de fluorescência (para o estudo de particularidades físico-químicas das células); o m. eletrônico (para evidenciar detalhes inferiores a 1 mícron) propiciando aumentos que podem chegar até 100.000 vezes.

MICROSSOMIA ou MICROSSOMATIA. Ver Nanismo

MIDRÍASE. Dilatação da pupila devida a fatores locais (traumatismos, inflamações oculares, medicamentos) ou gerais (intoxicações, epilepsia).

MIELINA (Bainha de). Constituída predominantemente de lipóides, envolve o axônio (ver Neurônio).

MIELITES. Processos inflamatórios agudos, difusos ou localizados, da medula espinal. No primeiro caso, constitui a mielite aguda transversa, atingindo uma secção transversal de um segmento da medula, destruindo as substâncias branca e cinzenta. É mais comum na lombar e sacra, manifestando-se por febre, dores localizadas nas costas, formigamento nos membros inferiores; posteriormente, segue-se a paraplegia motora flácida, com ausência de reflexos dos membros, inferiores e anestesia completa. Às vezes, a mielite aguda transversa evolui para segmentos superiores da medula e pode determinar a morte por paralisia dos centros respiratórios (paralisia ascendente aguda de Landry). A mielite aguda transversa é sempre muito grave.

A mielite necrótica de Foix e Alajounanine é provocada por oclusão ou estenose arterial ou venosa de vasos medulares, dando lugar à necrose de tecido. Esta forma de mielite tem evolução maligna e manifesta-se com paralisia dos membros, anestesia, distúrbios da micção e da defecação.

MIELOGRAFIA. Exame radiográfico das condições da coluna vertebral, obtido com a introdução de substâncias radiopacas nos espaços subaracnóideos.

MIELOMALACIA. Amolecimento do tecido medular que se verifica, na maioria dos casos, após traumatismos da coluna vertebral.

MIELOMA MÚLTIPLO. Moléstia do tipo neoplásico que afeta os plasmócitos da medula óssea. Esta grave moléstia surge principalmente em pessoas com mais de 50 anos de idade, principalmente nos homens. Os sintomas são: dores ósseas que vão aumentando sempre em intensidade e extensão; nas fases mais avançadas ocorrem fraturas, anemia e astenia. A evolução apresenta períodos de agravamento e de remissão espontânea do processo.

MIELOPATIA. Doença da medula espinal.

MIELOPORO. Zona de amolecimento cicatrizada e localizada na medula espinal.

MIELOSE. Termo que indica um processo evolutivo maligno da medula óssea; entre as mieloses estão compreendidas as leucemias.

MIÍASE. Parasitose cutânea provocada por larvas de alguns dípteros (moscas) na espessura do derma.

MILIAR (tuberculose). Ver Tuberculose miliar.

MIOCÁRDIO. Parede muscular do coração, constituída por tecido muscular, estriado; determina a contração sistólica e o relaxamento diastólico cardíaco.

MIOCARDITE. Inflamação do miocárdio, isto é, do músculo cardíaco; manifesta-se no decurso de outras moléstias, como: febre reumática, difteria, infecções provocadas por rickéttsias, etc. Os sintomas da m. são devidos à insuficiente força contrátil do miocárdio, à taquicardia, à palidez ou cianose da face, ao fígado aumentado de volume, à escassez de urina. A estes sintomas somam-se as manifestações da moléstia primitiva que determinou o aparecimento da m. A m. pode regredir completamente ou tornar-se crônica; esta, determinará insuficiência cardíaca (ver).

MIOCLONIAS. Contrações involuntárias bruscas e incoordenadas de um músculo ou de grupos musculares. As mioclonias podem ser primitivas ou sintomáticas; as últimas surgem durante a evolução de moléstias do sistema nervoso central (encefalite epidêmica, meningite, tabes dorsalis).

MIODINIA. Ver Mialgia.

MIÓGRAFO. Aparelho destinado a registrar graficamente as contrações de músculos.

MIOLO. Termo popular que serve para indicar qualquer parte do encéfalo.

MIOLOGIA. Ramo da anatomia que estuda os músculos.

MIOMA. Tumor formado por tecido muscular liso ou estriado.

MIOPATIA. Qualquer afecção dos músculos.

MIOPIA. Ver Refração ocular (Vícios da).

MIOSE. Diminuição do diâmetro pupilar.

MIOSITE. Processo inflamatório agudo ou crônico de um músculo.

Miosite aguda: pode causar uma supuração com a formação de abscessos ou de flegmão, que se manifesta por inchaço, dor, turgidez na parte atingida e febre. A miosite aguda pode ser provocada por: blenorragia, tifo, ferimentos infectados, poliartrite primária aguda, infecção puerperal, reumatismo articular agudo. Uma variedade de miosite aguda é a polimiosite caracterizada por dor, impotência funcional, edema, vermelhidão; evolui para a atrofia e retração dos músculos, determinando deformidades dos membros.

MIOSPASIA CONVULSIVA. Ver Tiques.

MIOTONIA CONGÊNITA. (ou Doença de Thomsen). Doença de caráter hereditário, caracterizada por aumento do volume muscular e persistência das contrações voluntárias. A doença atinge os indivíduos do sexo masculino e manifesta-se com mais freqüência na infância.

MITOSE ou CARIOCINESE. Processo de reprodução que ocorre entre os organismos pluricelulares animais ou vegetais.

MITRAL (Estenose). Moléstia cardíaca devida à diminuição do calibre do orifício mitral dificultando a passagem do sangue do átrio para o ventrículo; é provocada, quase sempre, pelo reumatismo articular agudo e, raramente, é de origem congênita.

MITRIDANTISMO. Imunidade adquirida para alguns venenos pela ingestão contínua de pequenas doses deles.

MIXEDEMA. O mixedema é um estado mórbido causado por insuficiente produção de hormônio tireoidiano, a tiroxina (ver Tireóide e Glândulas endócrinas); os efeitos dessa disfunção dependem da idade do indivíduo na qual ela se instala (a tiroxina desempenha função indispensável no desenvolvimento do organismo). A etiologia é variável: o hipotireoidismo pode ser secundário à deficiência de hormônio hipofisário, a moléstias infecciosas, à ausência congênita da tireóide, à remoção cirúrgica da glândula, a traumatismos. Porém, muitas vezes, a sua origem é ignorada e, nestes casos, as mulheres de média idade são as mais afetadas.

O hipotireoidismo verificado nos jovens é, em geral, denominado cretinismo (ver); o do adulto, mixedema. No hipotireoidismo do adulto, a pele apresenta-se pálida, amarelada, grossa, fria, seca, áspera e com áreas endurecidas; o aspecto da face é comparável ao de “lua cheia”, com desaparecimento das pregas normais e engrossamento dos lábios. Essas alterações do tegumento cutâneo devem-se á infiltração de substâncias mucilaginosas, dando a impressão de edema. Atinge também órgãos internos, embora seja mais visível na face e na região dos maléolos. O mixedema determina apatia, astenia, abaixamento da voz, artralgias, dores precordiais, mialgias, grande tolerância ao calor e grande sensibilidade ao frio.

MOLÉSTIA. Conjunto de alterações funcionais e morfológicas, que se manifestam no organismo que sofre a ação de agentes estranhos contra os quais ele reage. A m. é a conseqüência do enfraquecimento dos mecanismos de adaptação e de compensação, os quais mantêm o equilíbrio funcional representado pelo estado hígido. As moléstias são estudadas sob vários aspectos: etiologia, patogenia, sintomatologia, anatomia patológica, etc. São muito numerosas as classificações e subdivisões que podem ser feitas sobre assunto de tal vastidão e complexidade. As moléstias podem distinguir-se em locais e gerais; as primeiras são circunscritas a determinada região corpórea e as últimas abrangem todo o organismo. Quanto à evolução dividem-se em agudas e crônicas. A cura, que assinala o término do processo mórbido, é obtida quando se verifica o retorno às condições fisiológicas.

MOLÉSTIA DE CHAGAS. Ver Tripanossomose.

MONGOLISMO. O mongolismo constitui uma forma grave de idiotia congênita, devida à alteração dos cromossomos, os quais, em vez de 46 são 47 ou mais precisamente, devida à trissomia do cromossomo 21. Os mongolóides são assim chamados porque a sua fisionomia é semelhante à dos mongóis, isto é, fendas palpebrais oblíquas (olhos amendoados), cabelos lisos e espessos, face achatada; apresentam língua espessa, pés e mãos pequenas e outros defeitos do coração e demais órgãos. São indivíduos que têm escassas defesas orgânicas e morrem durante a juventude. O cérebro dos mongolóides é menor que o normal, o que determina uma deficiência mental variável de um caso para outro.

MONILÍASE ORAL ou ESTOMATITE OÍDICA ou SAPINHO. Afecção da mucosa bucal que se manifesta pelo aparecimento de manchas esbranquiçadas que aumentam de número e se aglomeram em pequenas placas irregulares; localizam-se principalmente na superfície interna das bochechas, nas margens da língua e nos lábios. São lesões que aderem à mucosa, destacam-se facilmente, mas logo tornam a aparecer. É muito freqüente nos lactentes; fora do período neonatal, só é observada em estados de intensa debilidade (distrofia, infecções graves). A m.o. é provocada por um fungo, o Monília albicans.

MONILÍASE PULMONAR. Moléstia pulmonar devida a ação patogênica da Monília albicans (ou Oidium albicans), fungo que se instala no tecido pulmonar. No plano clínico, a m. p. manifesta-se com tosse, emissão de líquido purulento misturado com sangue, febre e depauperamento orgânico. O mesmo fungo quando se instala na mucosa oral, provoca a monilíase oral ou sapinho.

MONÓCITOS. Variedade de glóbulos brancos do sangue.

MONONUCLEOSE INFECCIOSA ou MOLÉSTIA DE PFEIFFER. Também denominada angina monocítica, pseudo-leucemia linfática aguda, adenolinfoidite aguda benigna, febre ganglionar de Pfeiffer, é uma moléstia infecciosa provocada por vírus ainda não identificado que penetra pelas vias aéreas e localiza-se preferentemente nos linfonodos e no baço. O quadro clínico manifesta-se com febre elevada, adenomegalia, esplenomegalia, sintomas acompanhados de queimor na garganta e, às vezes, erupções cutâneas. O processo se inicia com o quadro clínico de infecção da faringe e das amídalas. O exame do sangue revela linfocitose e monocitose. A duração da moléstia é variável, geralmente duas semanas; a evolução tende para a cura.

MONÓXIDO DE CARBONO. Gás inodoro e incolor que não se encontra livre na natureza. Forma-se durante incombustões incompletas; quando estas ocorrem em ambientes fechados e mal ventilados, o m. de c. formado torna-se altamente tóxico. Penetra no organismo pela respiração e passa para o sangue combinando-se com a hemoglobina para formar a carboxiemoglobina que provoca asfixia nos tecidos. Nas formas fulminantes, a pessoa intoxicada entra em coma e morre em curto prazo; nas formas agudas a intoxicação inicia-se por cefaléia frontal, alucinações auditivas e visuais, dispnéia, paralisia dos membros, cianose, aumento ou diminuição da pressão. A intoxicação é mortal, a menos que a pessoa seja retirada do ambiente e medicada imediatamente.

MONTE-DE-VÊNUS. Ver Vênus (Monte de).

MORBIDADE. Relação entre o número de doentes e o número de habitantes em determinada região.

MORFINA. Ver Hipnoanalgésicos.

MORGAGNI-ADAMS-STOKES (Síndrome de). Forma grave de arritmia cardíaca que surge como conseqüência de um bloqueio átrio-ventricular completo.

MORMO. Moléstia contagiosa peculiar dos eqüinos e que, muito raramente, pode transmitir-se ao homem em contato com secreções dos animais doentes. É provocada pelo Bacillus mallei. Inicia-se por uma inflamação cutânea com aspectos variáveis; erisipela, furúnculo ou pústula; posteriormente, manifestam-se sinais de processo infeccioso grave, semelhante ao da febre tifóide, levando à morte em período de uma a quatro semanas. Podem ocorrer casos de evolução crônica, caracterizados por granulomas que supuram, e por destruição de superfícies ósseas e articulares. A forma crônica é menos grave e tende para a cura.

MORTE. Parada dos processos vitais biológicos, químicos, físico-químicos no organismo. Nos animais superiores e no homem, a m. coincide com a parada da respiração e da circulação, através das quais o organismo é nutrido e oxigenado. Um indivíduo é tido como clinicamente morto quando o seu registro eletroencefalográfico é mudo, sinal de que as células cerebrais cessaram de viver; a questão tem sido muito debatida pelas considerações de ordem moral, levantadas a propósito da retirada de órgãos ainda vivos (as células do coração, do rim e de outros órgãos sobrevivem durante tempo maior do que as células nervosas cerebrais), para efetuar transplantes. Quando o coração, a respiração, o sistema nervoso, cessaram a sua atividade, inicia-se o resfriamento do corpo que tende a atingir a temperatura do ambiente. Cerca de 16 horas após a morte, começa a rigidez cadavérica a partir da mandíbula; o globo ocular sofre um processo de amolecimento e torna-se opaco; em algumas regiões, surgem manchas róseo-azuladas devidas à estagnação sangüínea; a seguir, surgem manchas de coloração esverdeada (especialmente nas partes mais baixas do abdome, assinalando o início do processo de putrefação.

Logo após a morte, entram em ação os fermentos celulares que atuam sobre o citoplasma determinando a autólise, e os germes provocam os fenômenos de putrefação.

Morte súbita: é a que ocorre em pessoa aparentemente sadia no desempenho de suas atividades ou na vigência de doenças que não faziam supor a existência de qualquer perigo de vida.

Morte lenta: é a morte precedida de agonia (diminuição progressiva das funções vitais).

Morte aparente: é a que se observa quando as manifestações vitais estão reduzidas a tal ponto que parecem extintas; a ocorrência é rara, mas pode manifestar-se após afogamento, estrangulamento, enforcamento, descargas elétricas, parto laborioso, emoções violentas, etc.

MUCO. Substância semifluida, secretada por glândulas localizadas nas mucosas.

MUCOSA. Revestimento das paredes de órgãos internos.

MUDEZ. Incapacidade total de falar, ligada à surdez congênita, a qual não permite à criança aprender a falar. Constitui o surdimutismo. Ver Linguagem (fisiopatologia da) e Surdimutismo.

MULA. Termo popular para indicar tumoração ou adenite inguinal, originada por moléstia venérea.

MULHER. Pessoa do sexo feminino após a puberdade.

MULTÍPARA. Mulher que já teve mais de um parto.

MUNHECA. Denominação popular da região do punho.

MUSCARISMO. Intoxicação provocada por um cogumelo venenoso, o Amanita muscaria (ver Cogumelos, Intoxicação por).

MÚSCULOS. Órgãos que, sob a influência de estímulos nervosos, se contraem e, por esse motivo, determinam o movimento. Cada músculo é formado por uma porção central carnosa, o ventre muscular e de duas extremidades filamentosas, os tendões, que se inserem sobre os ossos. Quanto à forma, são divididos em longas, largas e curtas; alguns, têm forma circular (m. orbiculares ou esfincterianas); outros, apresentam o ventre dividido em duas ou mais partes; outros têm sua inserção na zona mais profunda da pele (m. da mímica). Quanto à estrutura, dividem-se em estriados e lisos; os primeiros constituem o grupo dos m. voluntários e têm fibras estriadas no sentido transversal e longitudinal; os últimos, que pertencem ao grupo dos m. involuntários, possuem fibras somente no sentido longitudinal.

Os m., além de exercerem a função motora, mantêm o corpo numa determinada posição. As suas contrações são coordenadas de modo que a cada movimento corresponda outro no sentido oposto; aos m. que agem em um sentido (m. agonistas), correspondem outros m. que efetuam um trabalho no sentido oposto (m.antagonistas).

MUTILAÇÃO. Ver Amputação.

MUTISMO ou ALALIA. Incapacidade de articulação da palavra por inibição nervosa, como acontece em certas psicopatias e na histeria. O indivíduo está psíquica e neurologicamente capacitado para ouvir, assim como não existem distúrbios dos aparelhos de fonação. Portanto, distingue-se da mudez. Ver Mudez e Linguagem (fisiopatolgia da).

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Quem sou eu

Nascido no Japão como filho de massagista shiatsu em 1947, imigrado ao Brasil em 1959, residente em Marília/SP/Brazil desde 1997.

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