Assuntos relacionados à saúde em geral, medicina ocidental, oriental, alternativa, trechos de livros e revistas.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Psiquiatria: Homossexualidade Masculina

No Banquete, de Platão, Alcibíades esperava ansioso a chegada de Sócrates, guardando-lhe lugar. Hoje, na Suécia, os deputados estudam um projeto de lei que legaliza a convivência marital entre dois homens. São duas épocas e duas culturas diferentes, o que atesta a universalidade do homossexualismo. Mas na maioria das vezes, no desenrolar da História até nossos dias, essa manifestação do comportamento é encarada como aberrante, ou pecaminosa.
Seja pela extensão do problema, seja pelas diversas modalidades de manifestação, afirma-se grosso modo, que “não há explicação” para a homossexualidade. É lugar-comum dizer-se que existem tantas homossexualidades quantos homossexuais existirem. Por isso, os diversos estudos sobre a questão, por mais que pretendam esgotar o assunto, não o conseguem, porque o amor por uma pessoa do mesmo sexo envolve uma série de circunstâncias extremamente variadas que não podem ser remetidas em fórmulas gerais. Ficam caracterizadas as possibilidades mais freqüentes e os marcos referenciais para um aprofundamento do estudo individual.
A aceitação do amor homossexual sofreu muitas transformações através dos séculos. Aceito naturalmente nos tempos antigos, a ponto de Platão, em suas obras, não o distinguir do amor heterossexual, o homossexualismo hoje está sempre ligado à idéia de repugnância e desprezo. Isso influencia profundamente o modo geral de encarar a questão, pois já se parte de uma atitude cultural profundamente arraigada na formação de cada um. Ainda que algumas pessoas aparentem ser “avançadas” e encarem o problema com “naturalidade”, há sempre que se avaliar sua realidade emocional, pois esta se encontra bastante distante da realidade racional que todos procuram assumir.
A partir do cristianismo, a homossexualidade passa a ser condenada e a receber a conotação de pecado. Embora dissociada do aspecto religioso, essa conotação inda se faz sentir atualmente. As velhas mitologias contam que o homem primitivamente era bissexual, e um deus, num momento de raiva, separou-o em dois dando origem assim ao homem e à mulher. As explicações sobre a homossexualidade se apóiam, em diversos níveis, nessa noção de bissexualidade. A predominância “errada” de um componente feminino explicaria a homossexualidade masculina, ao passo que uma predominância “masculina” explicaria a homossexualidade feminina.

AS “EXPLICAÇÕES BIOLÓGICAS” - A genética e a embriologia demonstraram que determinadas estruturas - no caso, a do aparelho urogenital - têm tipo “bissexual” de desenvolvimento, ou seja, há uma potencialidade de as estruturas se diferenciarem em masculinas ou femininas. Isso serviu de apoio para a formulação de “teorias” explicativas do homossexualismo. Uma diferenciação sexual que favorecesse a atração pelo mesmo sexo seria explicada assim pelo desenvolvimento de um centro “masculino” num organismo feminino, e vice-versa. No entanto, nos homossexuais nada ficou provado - seja no nível genético, neurológico ou hormonal - no sentido de confirmar tais hipóteses. Nada há no plano biológico que conduza à noção de homossexualidade como uma diferenciação normal do componente sexual.
Portanto, cada manifestação de homossexualismo deve ser estudada ao nível individual, a partir de onde será melhor compreendida. Em linhas gerais, a homossexualidade masculina pode ser estudada segundo três situações distintas: a episódica, a situacional e a de eleição.
No primeiro caso estão reunidas as manifestações de caráter transitório, em geral ligadas a situações b em limitadas da vida da pessoa. Classicamente, o período onde se manifesta a homossexualidade masculina de caráter episódica é na infância. Nessa época, dois ou vários meninos ao mesmo tempo se dedicam à prática de atos sexuais de caráter homossexual, em que o traço básico é a descoberta da atividade sexual. Na cultura ocidental, essa atividade é favorecida pela atitude de se vigiar muito mais crianças de sexos diferentes, quando brincam juntas, do que crianças do mesmo sexo. Poucas vezes as experiências dessa época contêm um cunho de repetição ou de fixação de papéis. Nessas situações há muito mais uma troca de experiências - onde entra em jogo a noção de poder e agressividade - do que um sentido propriamente sexual. O ato é vivido como uma descoberta da sexualidade ou como uma submissão ou agressão. Mas o componente erótico, a situação amorosa, importante na situação homossexual estrita, muito freqüentemente está ausente.
Além da infância ou adolescência, a manifestação homossexual episódica é bem mais rara e já não tem um sentido benigno em seu prognóstico, como nas manifestações infantis. Essas manifestações mais tardias devem ser encaradas com reserva, pois podem fazer parte de um quadro mais amplo, de sentido neurótico ou psicótico. São vividas com intenso sofrimento e desorganizam bastante a atividade do indivíduo.
A homossexualidade situacional ocorre geralmente nos ambientes onde não há mulheres: quartéis, reformatórios, prisões, internatos, etc. Geralmente, quando se afasta da situação onde se desenvolveu a prática homossexual, o indivíduo retorna à atividade heterossexual.
Esse tipo de atividade também não é acompanhado de componentes amorosos importantes, sendo sempre regido por outros interesses que não exclusivamente sexuais. Pode-se mesmo encontrar pessoas que tem essa atividade homossexual em determinadas situações e em outras possuem a conduta heterossexual. Há casos e homens casados que agem homossexualmente nesta possibilidade situacional, sem aparente prejuízo da atividade heterossexual.
A homossexualidade por eleição se dá quando, diante da alternativa entre heterossexualismo e homossexualismo, o indivíduo escolhe ou caminha para a última forma. Nesses casos, a relação transcende o ato sexual em si, existindo em torno dela todo um erotismo voltado para a situação homossexual. O amor do indivíduo dirige-se, portanto, para a situação desenvolvida com o mesmo sexo.
Nessa grande divisão encontram-se diversas situações que devem ser ordenadas. Tomando a atividade heterossexual como início da escala, tem-se um segundo grupo de indivíduos com atividade de preferência heterossexual e pequeno coeficiente de atividade homossexual. Conforme aumenta o coeficiente da atividade homossexual diminui o de atividade heterossexual. Finalmente, num grupo extremo, encontram-se as pessoas com atividade apenas homossexual e que não tem qualquer impulso ou desejo pelo sexo oposto. Esse grupo tem um desvio completo do desejo sexual, polarizado exclusivamente para o próprio sexo.

DIFERENCIAÇÕES - Nas descrições deve ser distinguida a atitude homossexual do comportamento feminino. Em certa proporção, os homossexuais apresentam como complemento uma série de atitudes, gostos e linguagem específica, enfim, toda uma psicologia que lembra a atitude feminina. Esses caracteres podem ser encontrados e mesmo levados a um nível caricatural, que visa apenas a chocar a sociedade. Essas atitudes caricaturais podem estar desligadas da prática sexual estrita, constituindo principalmente uma forma de relacionamento francamente anormal com o mundo. As pessoas que agem dessa maneira se afastam da convivência social, marginalizando-se da família e mesmo do trabalho. Ligam-se a atividades francamente femininas ou chegam mesmo a viver no bas fond, onde muitas vezes se prestam a atividades subservientes junto a prostitutas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog

Quem sou eu

Nascido no Japão como filho de massagista shiatsu em 1947, imigrado ao Brasil em 1959, residente em Marília/SP/Brazil desde 1997.

Total de visualizações de página: