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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ENDORFINAS - PARTE 2

Jack Lawson



COMO SEGREGAR ENDORFINAS

Se os efeitos das endorfinas são tão espetaculares e tão benéficos para o ser humano, cabe perguntar como podemos fazer para segregá-las ou, ao menos, favorecer sua fabricação dentro do organismo. Afinal de contas, elas são uma substância natural muito necessária, não somente para sobreviver, mas também, para poder “funcionar bem” e ter uma vida normal.
É evidente que as boas lembranças são um poderoso “criador” de endorfinas. Recordar situações prazerosas, quando estamos relaxados, pode auxiliar-nos a segregar novamente o mesmo tipo de endorfina produzido naquela ocasião. Esta é a base de muitas técnicas de meditação e cura que utiliza a chamada “Visualização Criativa”. Por outro lado, muitos dos poderes “mágicos”, que poderíamos atribuir a astrólogos, curandeiros e gurus, também podem ser esclarecidos a partir das endorfinas.
Podemos ajudar a sua fabricação de duas maneiras: praticando relaxamento, ou forçando o organismo. Ambas têm suas vantagens e desvantagens.
Quando estamos relaxados, ocorre algo similar ao que acontece quando o comandante de um avião liga o piloto automático. O consciente deixa de atuar 100% e o subconsciente aumenta sua atividade. Neste momento, o corpo auto regenera-se, células e órgãos “pedem” ao cérebro para serem abastecidos. Realiza-se então, uma espécie de restauração em todo o organismo, durante a qual as endorfinas têm um papel complexo e importante. De certo modo, é como se pudessem fluir melhor, como se o colapso circulatório tivesse desaparecido. A prova dos benefícios do relaxamento é que frequentemente dormimos. A prática da Ioga ou da meditação nos permitirá relaxar completamente ou, quase completamente, sem perder a consciência. Poderemos alcançar um intenso estado de concentração de espírito, no qual a realidade nos apresentar-se-á clara, luminosa e seremos mais perceptivos. A Parapsicologia estuda a possibilidade de que nesta situação possamos ter visões, premonições ou mensagens telepáticas. No fundo, não se trata de nada anormal, são potencialidades inexploradas do ser humano que não conseguimos avaliar em virtude das circunstâncias estressantes em que transcorre nosso dia-a-dia. O importante é que este estado parece despertar em nós uma inteligência mais intuitiva que racional e com melhor conhecimento de nossas carências, as endorfinas. Esta intuição é a que nos impulsiona a escutar aquele disco que não ouvíamos há tanto tempo ou nos sugere perfumar o ambiente com incenso. Para as pessoas que não associam o prazer com as situações anteriores, se tratará, talvez, de ler novamente um livro, ou do impulso irracional de procurar aquele amor de juventude nunca totalmente esquecido.
Outros sentirão fome, vontade de ver uma partida de futebol ou de fazer amor.
Um simples exercício nos servirá para auxiliar o corpo a fabricar endorfinas. Em princípio, procuremos papel e lápis e um lugar – a cama ou um sofá – para deitar-nos confortavelmente. Agora, podemos soltar as rédeas da imaginação. Devemos tentar, sem forçar nada, recordar coisas agradáveis. Cada vez que nos vier à memória uma lembrança grata, devemos anotá-la na caderneta. Não se trata de preencher uma folha, mas de tomar nota de duas ou três frases que possam ser utilizadas como lembrete para trazer outra vez até o presente, aquela recordação amena. Também não é necessário que estas frases sejam lógicas ou gramaticalmente corretas. Basta que para nós tenham sentido. Acontecerá o mesmo que ocorre quando encontramos, perdido entre nossos papéis, algum poema ou carta de amor que escrevemos anos atrás: quando voltamos a lê-los, sentimos novamente as mesmas emoções de outrora. Tornamos a relaxar, deixando que as imagens venham à nossa mente, e quando nos achamos diante de outra lembrança prazerosa, voltamos a escrevê-la, a nosso modo, na caderneta.
Guardamos nossas anotações até necessitá-las, ou seja, até sentir-nos tão tensos que não somos mais capazes de encontrar imagens agradáveis.
Se chegarmos a este ponto, tentamos relaxar com o auxílio de nosso caderno, procurando qual a sensação passada mais fácil de relembrar. Então, é muito importante que fiquemos atentos às reações produzidas no corpo e na mente no momento das lembranças agradáveis. No início, trata-se de algo muito sutil, com freqüência, muito difícil de verbalizar, mas podemos tentar captar estas emoções em nossa caderneta.
Com a prática, esta tarefa será mais fácil. Mesmo assim, nunca devemos obrigar-nos, nem cair no erro do perfeccionista, que não quer deixar de lado nada do que considera importante. Com estas notas, podemos ir fabricando, mais tarde, “clichês” ou “fichas” intransferíveis que exercitarão o mecanismo de fabricação de endorfinas. Além do mais, estas fichas que podemos aprender de cor, podem servir-nos para outros usos. Por exemplo, para infundir-nos serenidade nos momentos difíceis, para ajudar-nos a ganhar quando fazemos parte de um jogo ou, simplesmente, para controlar nossos estados emocionais quando perdemos a paciência.
Outro exercício que com um pouco de prática pode dar bons resultados consiste em “visualizar” as endorfinas. Evidentemente, isto é impossível e na realidade não visualizamos nada, mas o fato de imaginá-las, em forma de energia que converge em direção a parte de nosso corpo que as necessita, pode ajudar muito.
Podemos atribuir-lhes uma cor, de preferência o azul. Então imaginemos que uma luz azul nos percorre proporcionando um agradável frescor ao nosso corpo. No momento de realizar estes exercícios, é importante respirar lenta e profundamente. Sentir os efeitos benéficos do oxigênio que penetra nos pulmões, transformando-se em energia, que o sangue se encarregará de transportar até a última das células.
Também podemos “forçar” o organismo a segregar endorfinas. É o caso dos esportes que exigem muito de nós, como por exemplo, a corrida ou o squash. Às vezes, nosso corpo precisa ser “sacudido” para poder reagir à vida rotineira que costumamos levar e regularizar a fabricação de endorfinas. Em geral, quando aceitamos um desafio e vamos além de nossas forças, a sensação de plenitude que experimentamos depois, é conseqüência das endorfinas produzidas durante esta atividade. É o caso daquele funcionário que um dia tem que fazer hora extra para acabar com um trabalho chato que estava pendente há muito tempo. Paradoxalmente, ao terminar sua tarefa, sente um bem-estar incomum, que de maneira nenhuma podemos creditar ao trabalho em si.
De todo modo, acreditamos que só é conveniente “forçar” o organismo em casos extremos e que, cedo ou tarde, torna-se muito melhor estimular a fabricação de endorfinas usando métodos suaves. Não cansaremos de repetir, ao longo deste capítulo, uma regra de ouro: devemos fazer todo o possível para lembrar quais imagens nos causam prazer e felicidade para poder “aproveitá-las” posteriormente. O mar tranqüilo com ondas azuis, as águas remansadas de um lago, o azul do céu de um dia ensolarado, o olhar inocente de uma criança, a beleza de uma mulher ou o perfume de sua pele, tudo serve para lembrar aquilo que em determinado momento causou-nos felicidade. Temos um arsenal de recursos infinitos à nossa disposição que não podemos nos permitir o luxo de desperdiçar.
Uma simples gota daquele perfume que tanto nos agrada é suficiente para começarmos a jornada com mais alegria e otimismo. Nosso cérebro instintivamente decodificará a mensagem, associando-a aos momentos de prazer em que o perfume estava presente.
Uma lembrança da pessoa amada, um destes objetos que para nós tem “um enorme valor emocional” será, sem dúvida, o melhor dos talismãs. Não há a menor superstição neste fato, exclusivamente bioquímica.
Quem não lembra do cheiro de capim fresco, de grama recém cortada, úmida, próximo ao do ozônio, com uma sensação de aprazível frescor? Por que gostamos tanto daquele pequeno restaurante que afinal de contas, não é assim tão especial? Por que gostamos de cercar-nos de coisas belas? Por que algumas pessoas não suportam viver em desordem e outras sim? Porque o pequeno restaurante ao qual fazíamos referência sugere-nos momentos inesquecíveis, as coisas belas acariciam nossa sensibilidade e a ordem nos proporciona sensação de segurança e bem-estar. Tudo isto acontece porque nosso organismo segrega as endorfinas necessárias.
Se quisermos ativar a secreção de endorfinas devemos começar a nos conhecer melhor, ter certeza dos nossos gostos, saber o que nos gratifica; portanto, o recurso da mencionada caderneta é muito útil.
Se gostarmos de comer, por exemplo, devemos tentar ser mais conscientes e saborear nossa comida sem pressa. Temos que saber o que estamos comendo, mastigar lentamente, degustando os alimentos com calma. Podemos aprender a combinar ingredientes, criando novos pratos guiados por nossa intuição. Quando cozinhamos, devemos colocar uma pitada de amor e dois toques de carinho em nossos pratos, com certeza a comida ficará mais gostosa. É importante fazer nossas refeições acompanhadas das pessoas que queremos ou com as quais nos sentimos bem. Durante a prática deste rito, necessitamos estar relaxados e, às vezes, uma taça de vinho pode ajudar. Mas não convém ir além do recomendável, pois demasiado álcool no sangue bloqueia a secreção de endorfinas. No transcurso da refeição, todas as conversas devem ser positivas e se mencionarmos temas delicados, o faremos a partir de um ponto de vista otimista e compreensivo. Também deixaremos de lado referências a temas desagradáveis. Por este motivo, é uma aberração que tanta gente almoce e jante assistindo televisão, principalmente os noticiosos. Na época atual, parece que somente as catástrofes são notícia.
Depois de comer, é importante, se quisermos manter o fluxo de endorfinas que desencadeamos, não quebrar o clima criado. Não convém realizar exercícios violentos. O mais adequado é um passeio tranqüilo, continuando a conversa iniciada anteriormente. Às vezes, podemos permitir-nos o luxo de comer bombom, se é isto que nos faz felizes. Não há por que temer, se não abusamos, nada nos fará mal. Nosso corpo conhece muito bem suas necessidades e seus caprichos que, com freqüência, dão sábios sinais. Entupindo-nos de grande quantidade de comida indigesta ou encharcando-nos de álcool, acabamos não permitindo que ele nos mostre como podemos ser mais felizes.
Talvez, o que realmente gostamos não seja comer, mas escutar música. Quem já não experimentou prazer, voltando a ouvir alguma música antiga esquecida há tanto tempo? Novamente as lembranças são nossas aliadas.
Se desejarmos tirar partido de nossa paixão pela música, devemos tratar de perceber os sons de maneira clara. Muitas vezes, quando estamos calmos, tranqüilos e sem preocupações, escutamos sons ou nuances que normalmente nos escapam. Isto não acontece somente na música, acontece também na vida de cada dia. O rumor dos pássaros, de um rio, as ondas do mar ou o farfalhar das folhas secas que caem no outono, podem ser muito agradáveis se soubermos escutar. De acordo com os estudos da Dra. Susan M. Ryan, os pássaros cantam porque isso os fazem felizes. Cantando, segregam endorfinas. Se conseguirmos desenvolver a sensibilidade necessária, também nós fabricaremos endorfinas quando ouvirmos cantar os pássaros. Graças a este maravilhoso dom natural, muitas pessoas não sabem viver sem um pássaro em casa.
Também nós somos capazes de segregar endorfinas cantando. Um provérbio popular que encontramos em todos os países afirma que “quem canta seus males espanta”. O nível de endorfinas presente em um corpo está estreitamente vinculado às cordas vocais, conforme demonstrou a Dra. Ryan. O canto de mantras, uma apaixonante ciência dominada não só pelos iogues indianos e lamas tibetanos, mas também por magos e bruxos de todos os tempos, pode alcançar efeitos realmente surpreendentes porque atua diretamente sobre a fabricação de endorfinas. O contrário também é verdade, uma voz desagradável ou um ruído insuportável podem ocasionar sérias perturbações nervosas.
Pode ser que nosso interesse seja a leitura, podemos ajudar o equilíbrio do fluxo de endorfinas apoiando-nos neste hobby. Reler um livro que nos agradou muito na adolescência ou começar a ler uma novela do nosso autor preferido pode nos proporcionar muito prazer.
Se o que nos agrada realmente é praticar esportes, também poderemos aproveitar esta atividade para estimular a fabricação de endorfinas. Sem dúvida, seremos conscientes de como é importante uma alimentação equilibrada e sadia para manter em forma o organismo e poder praticar nosso esporte favorito. Nosso corpo assim o exige, pois precisa estar perfeitamente alimentado para render o máximo, segregando uma quantidade extra de endorfinas.
Quando for possível, devemos praticar o esporte escolhido ao ar livre. Uma boa oxigenação é indispensável para que possamos sintetizar os hormônios necessários.
Comprovou-se que a corrida gera uma enorme quantidade de endorfinas. O motivo é claro. Cada vez que nosso organismo encontra-se frente a uma situação de stress, reage produzindo encefalinas. De acordo com estudos realizados em várias universidades dos Estados Unidos, as pessoas que parecem enfrentar o stress, sem problemas, possuem endorfinas parassimpáticas mais constantes e resistentes. Por outro lado, pessoas altamente irritáveis que estão constantemente “estressadas”, parecem sofrer de um estado de carência de endorfinas ou, no mínimo, de uma quantidade menor de receptores de endorfinas do que seria desejável.
Alguma vez paramos para pensar qual é a característica dos nossos momentos de felicidade? Para certas pessoas é estar apaixonadas, para outras dar um presente, para outras, recebê-lo, para outras ainda é ser tratado com atenção e para muitas é ser lisonjeado. Nestes momentos, estamos mais predispostos a fabricar endorfinas. Em conseqüência, um contratempo que em outro momento faria-nos perder a paciência e ficarmos furiosos, transforma-se em algo sem importância e, o canto do pássaro que não havíamos reparado, apresenta-se como algo bucólico e maravilhoso.
Graças ao fluxo de endorfinas, desenvolve-se em nós, ao menos neste momento, uma consciência estreitamente ligada à delicadeza, à sensibilidade amorosa e à estética. Concluindo: realizou-se em nosso organismo o equilíbrio bioquímico necessário.
Pouca gente percebe que a palavra “magia” provém de imagem e está relacionada com imaginação. A imaginação é uma força muito poderosa por causa de sua conexão com a bioquímica cerebral. Os surpreendentes efeitos de muitas técnicas de visualização e meditação devem-se a esta conexão. Podemos imaginar acontecimentos passados e acontecimentos futuros. Quando o fazemos, estamos desencadeando complicados processos bioquímicos que podem manifestar-se em forma de efeitos fisiológicos reais. A Medicina Moderna chegou à conclusão de que um elevado número de doenças é de natureza psicossomática. Por pura lógica, demos deduzir que sua cura deve ser, ou ao menos pode ser, de caráter psicossomático. Recentes pesquisas do Dr. Howard L. Fields e seus colegas da Escola de Medicina da Universidade de Califórnia demonstraram que os pacientes podem produzir endorfinas analgésicas conscientemente. Mas, ao ser ministrada naxolona nos mesmos pacientes, o efeito destas endorfinas cessa e eles voltam a sentir dor. Este fato comprova que não se trata de auto-sugestão ou de imaginação, mas de algo muito real.
Resumindo, diremos que para alcançarmos, ou no mínimo, nos encaminhar ao estado de felicidade para o qual estamos destinados, precisamos conseguir o restabelecimento do fluxo correto de endorfinas em nosso organismo. Esta recuperação só é possível quando conseguimos que a mente e o corpo trabalhem em conjunto. O antigo provérbio latino “mens sana in corpore sano” oferece-nos o segredo da felicidade: quando estamos sadios física e mentalmente, tudo funcionar melhor em nossa vida.
Assim como nas grandes cidades não se consegue circular quando as ruas estão cheias de carros estacionados em segunda ou terceira fila, o mesmo ocorre em nosso organismo. A energia, o Ki dos acupunturistas , deve fluir corretamente para que nossa máquina funcione. É o único segredo e o segredo está em nós...

O SEGREDO ESTÁ EM NÓS

Já vimos que todo ser humano almeja ser feliz, a não ser que esteja psicologicamente muito doente. Quase nunca se trata de uma aspiração consciente, racional, mas sim, de um desejo inconsciente fortemente arraigado em nós, que utiliza para seus fins toda a informação que lhe proporcionamos.
Em muitas ocasiões, por falta de consciência ou de conhecimento, utilizamos, até mesmo, métodos errôneos. Isto acontece porque, frequentemente, confundimos a felicidade com a satisfação pessoal. O que não gostamos e não nos satisfaz deixa-nos infelizes.
Às vezes, a vida se nos apresenta tão cheia de problemas e de contrariedades, que nos sentimos incapazes de reagir. Parece que nos faltam forças. Trata-se de uma situação que, nos sonhos, costuma tomar forma de pesadelo. Alguém nos persegue, mas não podemos fugir, nem sequer mexer as pernas. Então, é mais fácil ceder à angústia ou à depressão do que reagir. Porém, enquanto não conseguimos relaxar a tensão emocional, não solucionaremos o problema. Somente assim, nosso organismo poderá começar a equilibrar o fluxo de endorfinas.
Quando estamos angustiados só desejamos uma coisa: libertar-nos daquilo que nos oprime e sermos felizes, mas acontece que nossa mente não sabe como fazer-nos felizes. À sua maneira, tenta, mas cai em todas as armadilhas. Só os iluminados podem discernir entre aquilo que lhes proporcionará felicidade e aquilo que lhes acarretará desgraça. Mas, nosso corpo sabe sim como fazer-nos felizes, sintetizando e distribuindo endorfinas por todo o organismo. O subconsciente também contribui para esta tarefa, proporcionando as informações necessárias. É a base da publicidade, estimula-se a nossa curiosidade associando aquilo que se deseja vender a algo que, inconscientemente, relacionamos com prazer. Assim, vemos que se anunciam carros junto a mulheres deslumbrantes ou desodorantes associados a roupa íntima. Na maioria das vezes, recorre-se a sexualidade para incitar o cliente a comprar.
Deste modo, sob a força de publicidade mal digerida, acabamos relacionando a felicidade com a compra de bens materiais e com o consumo desenfreado daquilo que a televisão nos oferece. Existem até alguns casos de pessoas psicologicamente doentes que são compradoras compulsivas e acabam com a casa cheia de coisas que não precisam, nem vão usar. Hoje, nos vendem qualquer produto como algo bom e desejável, então acabamos acreditando que a felicidade encontra-se no objeto em si e não em nós mesmos, em nossa própria capacidade de fruí-lo. Criam-se desejos artificiais que, se não são satisfeitos, deixam-nos a horrível sensação de que somos desgraçados (frustrados, pobres miseráveis, incapazes, impotentes, inferiorizados, humilhados, excluídos). Podemos constatar isto especialmente em crianças e adolescentes, que como sabemos são muito sensíveis à propaganda e os apelos publicitários. Se não têm uma calça jeans de uma determinada marca ou uns tênis daquele tipo estabelecido pela moda, sentem-se menos que os outros e isto os deixa muito infelizes.
Todavia, como vimos, nosso potencial para ser felizes encontra-se exclusivamente em nós. Todos os mestres espirituais de todos os tempos já o disseram e repetiram: o segredo está em nós. Os objetos exteriores também têm sua importância, mas como “desencadeantes” daquilo que já está em nós. É necessário sermos realistas, não é a troca de carro que vai nos fazer felizes, mas sim as endorfinas que nosso corpo vai segregar quando nos entregarem o carro novo.
Todos conhecemos pessoas “que têm tudo na vida” e nem por isso são felizes. Pelo contrário, às vezes são muito desventuradas e vão ao psicanalista várias vezes por semana, para poder manter um frágil equilíbrio psicológico. Sem dúvida, têm o que uma pessoa pobre nunca terá, mas consideram como problemas coisas que para alguém menos aquinhoado não o seriam.
Estamos numa época de expansão industrial e econômica, em especial no ocidente, “nunca se viveu como agora”. Contudo, apesar dos inegáveis avanços tecnológicos e higiênicos, isto não é inteiramente verdade. Muitas vezes é mais feliz o indiano que só come um prato de arroz por dia, que o norte-americano que come cinco vezes mais. Por outro lado, quem é que já não ouviu dos pais ou dos avós: “éramos pobres, mas éramos felizes”? Certamente, o que convencionou-se em chamar de “qualidade de vida” era ser superior e ser feliz é uma questão de qualidade de vida, não de quantidade de contas a pagar no fim do mês.
Ser feliz é uma questão de equilíbrio, de estar em paz consigo mesmo, com nossos desejos, com nossas aspirações, até com nossos sonhos. Trata-se de aprender a ver o lado positivo das coisas e de aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece.
Ser feliz é uma questão de ressonância. Trata-se de ser suficientemente hábil para que os acontecimentos exteriores que repercutem em nosso interior nos encontrem otimistas e equilibrados, criando assim, um fluxo de endorfinas constante. É como os acontecimentos do dia-a-dia reverberam dentro de si, da mente, e de como interpretamos para o nosso melhor proveito. Se não conseguimos polarizar positivamente, ficamos infelizes, pessimistas, deprimidos, ansiosos, tornando-nos pessoas contestadoras e questionadoras, achando imperfeição em tudo que vê e sente.
Para colocar um exemplo gráfico, poderíamos dizer que a felicidade se respira, mas não de fora para dentro. Com os pulmões, se respira de nós, e o “oxigênio da felicidade” são as endorfinas. Se o seu fluxo estanca, começamos a sentir-nos mal física e psicologicamente. Nossa capacidade para desenvolver uma consciência receptiva e penetrante, que nos permita aproveitar a vida plenamente e as oportunidades que esta nos oferece, é a base da nossa felicidade. O segredo, como vimos ao longo de todo este texto, está nas endorfinas.
Entre as causas que ocasionam este “estancamento”, ao qual fazíamos referência, encontra-se o stress. Sem dúvida, devemos creditar a maior parte de nossa infelicidade ao stress e a nossa incapacidade de lutar contra ele. Segundo o Dr. Seyle, a capacidade de adaptação ao stress varia de acordo com a pessoa. Cada um tem um limite de tolerância e toda nova situação de stress reduz a margem deste limite. Com o passar do tempo, se esta diminuição não é compensada, corre-se o risco de chegar à beira de um colapso. Obviamente, tudo isto depende de ajustar-nos às condições de nosso meio. Nestas situações difíceis, os estados de ânimo têm um papel muito importante. Se estamos eufóricos, “apararemos” melhor os golpes do destino.
O otimismo é a melhor couraça contra os ataques externos que nos deixam infelizes e abatidos. Entretanto, se estamos desanimados ou passando por um período de depressão, cederemos facilmente às conseqüências do stress negativo.
Até nos piores momentos de nossas vidas, devemos lembrar que cada um de nós é especial e somos todos parte de um mundo maravilhoso. Esperamos que a leitura deste pequeno volume tenha contribuído para conhecer-nos melhor e perceber que a vida é um dom muito precioso para ser desperdiçado ou jogado fora.
É precisorebelar-nos contra o tédio e contra a depressão!
Fabrique endorfinas e embriague-se com a vida!
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Quem sou eu

Nascido no Japão como filho de massagista shiatsu em 1947, imigrado ao Brasil em 1959, residente em Marília/SP/Brazil desde 1997.

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