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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

FÍGADO


Funções do Fígado; Fígado e Sexo; Glândulas Suprarrenais; Fígado e Sangue; Fígado e Nervos.

FUNÇÕES DO FÍGADO – Como laboratório, o fígado analisa constantemente os elementos químicos que entram na constituição do sangue e faz uma triagem deles: boa parte do que é inútil ou prejudicial é transformada ou destruída e encaminhada para excreções; boa parte do que é útil é também transformada, para melhor aproveitamento. E os hormônios, como substâncias químicas que as glândulas endócrinas despejam no sangue, tampouco escapam à ação “fiscalizadora” das células hepáticas por onde passam.
Alguns hormônios, ao chegarem ao fígado, são modificados mediante combinação com substâncias que os tornam inativas. Em seguida, são levados ao intestino ou aos rins para excreção. Outros hormônios são combinados com proteínas vetoras que funcionam como verdadeiras embalagens e permitem o transporte do hormônio a pontos distantes do organismo, para liberação e aproveitamento oportunos.
Por outro lado, na mesma medida em que influi sobre os hormônios, o fígado também sofre influência deles. A insulina, por exemplo, hormônio secretado pelo pâncreas, atua diretamente sobre o mecanismo de aproveitamento de açúcar, gorduras e proteínas do fígado.
Em correlação das funções hepáticas e endócrinas estabelece condições para que a ocorrência de lesões de algumas glândulas envolvam comprometimento do fígado e vice-versa. O mais comum, porém, é que as lesões hapáticas provoquem desequilíbrios marcantes no funcionamento glandular.

FÍGADO E SEXO – Lesões do fígado, por exemplo, podem provocar graves alterações na constituição e no funcionamento de órgãos sexuais, tanto dos homens quanto das mulheres.
O estrógeno, por exemplo, é um hormônio tipicamente feminino, secretado pelos ovários ou pela placenta. Mas no homem também existe, embora em quantidades mínimas, como secreção da suprarrenal. Em indivíduos de ambos os sexos, compete ao fígado destruir os excessos desse hormônio, função que não pode ser adequadamente desempenhada em caso de lesões sérias como as que resultam da cirrose. A presença de estrógeno no sangue, em níveis anormalmente elevados produz no homem atrofia dos testículos, queda dos pelos cutâneos e distribuição pilífera do tipo feminino ou mesmo crescimento anormal das mamas (ginecomastia), embora alterações desse tipo só tenham sido verificadas em caso avançados de cirrose.
Na mulher, o excesso de estrógeno pode levar a distúrbios menstruais capazes de levar à esterilidade. Por outro lado, a incapacidade hepática em eliminar os excessos de estrógeno pode determinar o retorno de fluxo menstrual depois da menopausa.
Também o hormônio masculino, a testosterona, é metabolizado pelo fígado e exerceria efeitos protetores sobre ele. Mas nos casos de castração não se observam efeitos da supressão da testosterona sobre as funções hepáticas.

GLÂNDULAS SUPRA-RENAIS – Experimentalmente, já se verificou que a extirpação das glândulas suprarrenais determina alterações evidentes no aproveitamento dos carboidratos – uma função hepática – e diminui sensivelmente a produção de numerosas enzimas produzidas pelo fígado.
A cortisona, um hormônio das suprarrenais, não provoca nenhuma alteração sensível no fígado de pessoas sadias. Mas, nos portadores de lesões hepáticas, ocorrem pelo menos três efeitos destacados:
1) estímulos psíquicos, com aumento do apetite e melhor nutrição;
2) alteração do metabolismo dos carboidratos, de onde decorre aumento do glicogênio produzido pelo fígado;
3) alteração na composição dos líquidos do organismo e nos eletrólitos que eles contêm.

A administração da cortisona em hepatopatias agudas determina geralmente uma rápida regressão dos sintomas e uma precoce diminuição da dor. Isso demonstra que de algum modo a produção de cortisona é útil ao funcionamento normal do fígado.
Além da cortisona – produto do córtex da suprarrenal, ou seja, pela “casca” da glândula – outros hormônios produzidos pelo “miolo” (porção medular) das suprarrenais também influem sobre o funcionamento hepático.
Embora os estudos até agora empreendidos tenham produzido informações insuficientes, sabe-se que a adrenalina e a noradrenalina, quando secretadas em níveis baixos pelas suprarrenais, determinam anormalidade no metabolismo hepático do açúcar.
Mas além dessas consequências diretas, a má correlação entre o funcionamento do fígado e da suprarrenal oferece outros inconvenientes. Se o fígado não inativar normalmente a cortisona, a produção desse hormônio por parte das suprarrenais será automaticamente diminuída. Com o tempo, o córtex da suprarrenal se “habituará” a um trabalho mais folgado. Se nessas condições ocorrerem necessidades subidas de aumento de produção de cortisona, a glândula não terá meios de responder com presteza à solicitação. Isso explica, em parte, a resistência relativamente menor dos hepatopatas às moléstias infecciosas, que aumentam a necessidade de cortisona.
Por outro lado, se o fígado não eliminar os excessos de concentração de cortisona no sangue, esse excesso levará a uma retenção de sal e de água, com o consequente acúmulo anormal de água no organismo, o aparecimento de edemas nos tornozelos e a impressionante “barriga d’água” (ascite).
O alcoólatra, que apresenta graves lesões do fígado, geralmente apresenta essa clássica manifestação, nos estágios mais avançados da doença.

FÍGADO E SANGUE – Além das relações com as glândulas e com outros aparelhos do organismo, o fígado atua sobre o funcionamento de outras partes do organismo e recebe delas certa influência.
O sistema cardiovascular, por exemplo, relaciona-se com o fígado em função do papel hepático de depósito sanguíneo. Quando ocorre uma insuficiência cardíaca do tipo daquela que resulta da pericardite, por exemplo, o coração não tem capacidade de bombear para diante todo o sangue que chega a ele. Uma parte do volume sanguíneo vai sendo represada então nos segmentos anteriores do sistema, especialmente no fígado.
Com isso, o fígado naturalmente se encharca de sangue. Se a solicitação for excessiva, o fígado aumentará de tamanho, com uma consequente distensão da cápsula que o envolve. O paciente assinala uma sensação de peso na região, além de vivas dores.
Algo semelhante é o que ocorre em casos graves de cirrose. O sangue proveniente do baço, do intestino e do pâncreas conflui para a veia porta, que o leva ao fígado. Mas a cirrose altera gravemente a estrutura do fígado e dificulta a passagem do sangue, do mesmo modo que o endurecimento de uma esponja afetaria sua capacidade de absorção. Por conseguinte, nem todo o sangue trazido pela veia porta pode passar pelas vias normais.
O excesso reflui então, provoca hipertensão da veia porta e se encaminha para outros vasos. O entupimento força não apenas a veia porta como também outras veias de acesso, de onde resultam varizes do esôfago, além de hemorroidas.

FÍGADO E NERVOS – O sistema nervoso não sofre influência direta sensível do funcionamento hepático. Somente em casos de afecções maciças do fígado, capazes de provocar uma séria intoxicação do organismo, é que o sistema nervoso poderá ressentir-se.
Em tais casos, as funções nervosas são praticamente bloqueadas e o indivíduo entra em coma, através de um progressivo afundamento no torpor característico. Mas tais alterações são reversíveis.
As manifestações neurológicas centrais e a reação total do indivíduo dependem do estágio da enfermidade hepática que causa o coma. Nas enfermidades agudas, o comprometimento do paciente se altera de modo brusco, enquanto e que nas doenças crônicas a alteração é lenta e progressiva. Além de outras manifestações clínicas surge a confusão mental, seguida de alterações funcionais, perceptíveis no eletroencefalograma, e de inconsciência. O próprio tecido cerebral pode alterar-se.
A icterícia neonatal é uma enfermidade favorecida pela imaturidade do fígado do recém-nascido. Aumenta acentuadamente a concentração de bilirrubina circulante, e a impregnação do cérebro pelos componentes biliares pode produzir a morte na primeira semana de vida. Em outros casos, as lesões de certas estruturas do cérebro, no caso, resultam numa paralisia cerebral ou num retardamento incurável.
Finalmente, além do sistema nervoso, o fígado pode afetar até mesmo o esqueleto; longos bloqueios do fluxo biliar determinam deficiente absorção de vitamina D e cálcio, de onde a fragilidade óssea conhecida como “raquitismo hepático”.

Quem sou eu

Nascido no Japão como filho de massagista shiatsu em 1947, imigrado ao Brasil em 1959, residente em Marília/SP/Brazil desde 1997.

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